O Relatório Resumido de Execução Orçamentária em Foco dos estados e do Distrito Federal (DF), publicado nesta segunda-feira (21/02) pelo Tesouro Nacional (RREO), apontou um superávit primário de R$ 124,1 bilhões no ano de 2021. Os dados são feitos com base nos documentos dos entes federativos publicados no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro – Siconfi, gerido pelo Tesouro.
O montante registrado no ano passado é 91,5% acima de 2020. Ainda de acordo com o relatório, todos os Estados e o DF foram superavitários. O cenário atípico, fruto da pandemia, contribuiu para o quadro econômico, devido à exigência do congelamento de despesas, uma contrapartida da União em troca de recursos financeiros para o combate à covid-19. Apesar do processo de retomada desigual em alguns setores, as reaberturas impulsionam a economia dos estados.
Mato Grosso (23%) e São Paulo (21%) foram os estados que tiveram os melhores resultados primários em proporção às suas Receitas Correntes Líquidas (RCL). Em termos absolutos, São Paulo (R$ 41,9 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 14,8 bi) despontam com maior crescimento, mas isso era esperado devido à forte industrialização desses entes. Os menores foram do Piauí (R$ 114 milhões) e Pará (R$ 498 milhões), ainda sim, com crescimento.
De acordo com o professor de economia da Universidade de São Paulo, Paulo Feldmann, o resultado, apesar de positivo, não é uma novidade. “Temos a valorização das commodities (agrícolas e do minério de ferro), então isso era esperado”. Para ele, o resultado mostra outra coisa menos positiva. “Exportamos muito, ótimo. Mas estamos importando menos, significa que a indústria está parada, economia estagnada. Não é uma vantagem competitiva exportar commodities, precisávamos exportar manufaturas”, explicou.
O resultado da balança comercial de fevereiro repete a tendência de 2021. “Depender de commodities é perigoso. Agora estão em alta e amanhã desvalorizam. O lado positivo é que essas exportações geram dólares, mas o problema é que os grandes exportadores concentram seus dólares fora do Brasil”, criticou o economista.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, discorda. Ele explicou que para analisar superávit é preciso analisar tendência “câmbio favorável, commodities, oferta e demanda”, disse. Segundo ele, somos competitivos neste setor, diferente das manufaturas. “O Brasil, ao longo das décadas fez escolhas e fechou sua indústria que é profundamente protecionista. As economias industriais competitivas são abertas, explicou.
Vale explicou que é injusto acusar as commodities (agrícola, mineral e petróleo) de atrasadas, pois há uma profunda indústria na cadeia, como a produção, logística e exportação.
Balança comercial
Ainda nesta segunda-feira, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia publicou que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 837,1 milhões na terceira semana de fevereiro. O valor resulta de US$ 5,506 bilhões em exportações e US$ 4,669 bilhões em importações no intervalo. A média diária de exportações no mês, até a terceira semana (US$ 1,124 bi), avançou 23,6% sobre o mesmo período do ano anterior.
O mercado agroexportador puxou o resultado, 73,3% dos embarques, seguido da indústria de transformação, alta de 20,8% e indústria extrativa, 7,3%. O bom resultado em receita também é fruto da alta cambial, em média entre US$ 5 e US$ 5,10 ante o real.
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