CONSUMO

Gastos com turismo, clínicas de psicologia e pets despontaram em 2021

Análise mostra ainda que as despesas com uso e manutenção de veículos tiveram crescimento expressivo

Maria Eduarda Angeli*
postado em 16/02/2022 18:02 / atualizado em 16/02/2022 18:27
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

Os setores relacionados à saúde mental, turismo, manutenção de veículos e cuidados com pets tiveram os maiores crescimentos de 2021 em relação a 2020. É o que aponta a Análise de Comportamento de Consumo do Itaú Unibanco. De acordo com o estudo, a volta das atividades presenciais impactou os hábitos brasileiros, ao passo que as marcas da pandemia continuam presentes. Os dados foram coletados a partir de compras feitas nos cartões do banco e em vendas realizadas pela Rede, sistema de pagamento do Itaú.

O varejo fechou o ano de 2021 com um bom desempenho: o valor transacionado no quarto trimestre foi 20% maior frente ao mesmo período do ano de início da pandemia, superando os níveis pré-isolamento. Na comparação com o trimestre anterior, o crescimento foi de 13%. A quantidade de transações nos últimos três meses de 2021 foi 24% maior que as realizadas no mesmo intervalo de 2020.

As compras no varejo físico representaram 78,9% do volume em faturamento no quarto trimestre de 2021, já as on-line, 21,1%. Ainda assim, as compras pela internet cresceram 39%.

Utilizando apenas os dados de compra nos cartões de crédito — os zennials (12 a 25 anos) lideram: 38% dos seus gastos ocorrem nesse meio. As demais gerações não ficam para trás: os millennials (26 a 41 anos) consomem 37% via digital, seguidos pela geração X (42 a 57 anos), 31%, e pelos Babyboomers (58 a 76 anos), 26%.

Vale lembrar que em 2021, o Brasil apresentou crescimento de 4,5% no PIB (Produto Interno Bruto). A expectativa para 2022, porém, é de desaceleração: -0,5% — em parte por causa do aumento das taxas de juros, segundo aponta a economista do Itaú Unibanco, Julia Gottlieb.

“A inflação, assim como em outros países do mundo, tem alta muito forte e muito disseminada. Primeiramente foi percebida nos alimentos e nos combustíveis”, lembra. “A gente acredita que o pico da inflação foi no final do ano passado, e deve seguir pressionada em 2022, mas a tendência é recuar a partir do segundo semestre”, projeta a especialista.

Para o diretor de Estratégia e Engenharia de Dados do banco, Moisés Nascimento, “as tendências observadas desde o início do período observado pelo relatório vão se manter, com pessoas ainda de home office e se digitalizando”.

Setores

Com 41% de alta no faturamento, as clínicas de psicologia foram destaque no ano passado em relação ao mesmo período de 2020 — acompanhado por um crescimento de 40% no número de transações. No último trimestre do ano, a geração Z teve o maior aumento nos gastos nessa área, e os homens dessa faixa etária foram os que mais passaram a procurar psicólogos. Feito o recorte geracional, a quantidade de transações aumentou 153% entre os homens e 93% entre as mulheres (na comparação com o mesmo trimestre de 2020).

Outra coisa que ajudou os brasileiros a passarem pelo período de isolamento foi a companhia de pets. Quem conseguiu ter estabilidade financeira para manter ao menos um bichinho investiu nele, inclusive por meios digitais: compras on-line aumentaram 143%, enquanto que as presenciais, 19,6% — mais uma vez com a geração Z sendo a que mais aumentou o consumo.

À medida que a vacinação avança e a população se sente mais segura, porém, o setor de turismo toma a dianteira dos crescimentos, com 93% de elevação no quarto trimestre do ano passado em vista de 2020. Com a redução das medidas restritivas, a busca por mais lazer também se destaca. Locomoção e Transporte e Cultura, Lazer e Esporte subiram 50% e 42%, respectivamente.

Alguns segmentos, embora tenham apresentado aumento, tiveram seu desempenho quase que anulado pela inflação. É o caso do setor de tecnologia, que cresceu 12%, mas teve inflação de 12,1%, e dos combustíveis, que aumentaram em 53%, mas tiveram inflação de 49%.

Voltando ao trânsito

Chama atenção ainda um aumento no uso e manutenção de veículos — sem incluir combustíveis. Com as pessoas usando mais os carros para sair de casa, os gastos com estacionamento e pedágios cresceram 51% no ano, e o consumo em estabelecimentos de lava-rápido e troca de óleo também despontou, com evolução de 46%. O resultado pode ter relação com a tentativa de manter o distanciamento social.

Os serviços de manutenção tiveram alta de 26% no ano. O relatório traz ainda uma visão do impacto dos carros elétricos — no 4º trimestre de 2021, houve um aumento de 62% na quantidade de transações para recarga de veículos do tipo. A comparação é em relação ao 3º trimestre do ano, o que aponta um movimento importante no segmento.

Datas comemorativas

Na semana do Dia das Crianças de 2021, os dados indicam que as famílias optaram por comemorar com atividades de lazer. Destaque para o boliche, que teve crescimento de 241% em quantidade de transações na comparação com 2020, e de 61% em relação a 2019; e para os parques aquáticos, com aumento de 169% sobre 2020 e de 42% comparado a 2019.

Na Semana do Natal, os setores com maior aumento no consumo foram as lojas de bebidas (85%) e de artigos para animais (13%). Já na Semana do Ano Novo, muitos brasileiros decidiram colocar em prática as promessas para um novo ciclo, como dirigir e ter uma vida mais saudável. As transações em autoescolas aumentaram 42% em relação a 2020, e 216% na comparação com 2019. Já aquelas feitas em nutricionistas cresceram 25% sobre 2020, e 190% em relação às mesmas datas de 2019.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação