O agro é um dos setores que mais crescem no Brasil, chegando a contribuir com cerca de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. No Distrito Federal, não é diferente. O segredo, de acordo com o secretário-executivo da Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), Luciano Mendes, é ter “um conjunto muito grande de instituições que dão um apoio enorme à nossa agricultura”, a exemplo da Ceasa e Emater.
O especialista foi o entrevistado desta sexta-feira (4/2) do CB.Agro — parceria do Correio com a TV Brasília. “Claro que Brasília é mais conhecida por ser a capital política, administrativa. É isso que se sobressai, mas é importante que a nossa população conheça e reconheça que aqui dentro do Distrito Federal temos mais de 20 mil produtores”, ressalta o secretário.
Luciano lembra, porém, que embora a agricultura da capital federal tenha apresentado bom desempenho nos últimos anos, ainda há desafios a serem superados. “Primeiro, (é preciso) manter essa escalada de cada vez mais produzir mais em um espaço menor. Há a questão também de se preservar o meio ambiente — que é uma coisa que nos deixa bastante felizes. Nossos produtores, na sua maioria, respeitam todas as normas ambientais”.
Outro percalço, um dos mais antigos enfrentados pelos agricultores locais, é o da titularidade de terras. Para tentar contornar a situação, foi criada, no final do ano passado, uma nova estrutura dentro da TerraCap para aumentar a velocidade no processo de regularização fundiária dos produtores.
“Esse é um desafio enorme, que envolve todos os setores de governo, já incluiu até a Câmara Legislativa”, explica o secretário. “Nós não estamos parados, estamos tentando resolver essa questão. Ano passado, fizemos uma adequação na legislação dessa questão. E esperamos que a gente consiga avançar isso num passo muito maior”, projeta.
Recuperação
Luciano Mendes comenta que a pandemia teve forte impacto no setor agrícola, especialmente em ramos como o da floricultura e das hortaliças, e aproveita para elogiar a atuação do governador Ibaneis Rocha (MDB), que teria sido “muito sensível” ao lidar com o cenário. Os produtores mais afetados foram os que se dedicam à agricultura familiar.
“Logo no início, as feiras foram fechadas, e a gente sabe que no Distrito Federal a grande maioria dos agricultores familiares depende desses ambientes para colocar sua produção”, diz o secretário.
Outro ponto que prejudicou a manutenção da atividade nesse âmbito foi o fechamento temporário de escolas, que consumiam grande parte da produção do DF, destinando os alimentos para a merenda dos alunos. Mendes afirma que, apesar disso, foi possível manter os pequenos negócios nos eixos: “Houve uma alteração da lei federal que nos possibilitou continuar entregando os produtos. A Secretaria de Educação também foi muito sensível a essa questão aqui no DF, fez os contratos”. O resultado da medida foi a confecção das Cestas Verdes, oferecidas às famílias que necessitassem.
Expectativa
Segundo o especialista, apesar das incertezas em relação à pandemia, 2022 “com certeza” será melhor para o setor. E a agricultura familiar deve continuar a receber mais auxílio governamental: “A gente ainda desenha para eles [agricultores familiares] um apoio maior neste ano de 2022”.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta semana, mostraram que o campo gerou cerca de 150 mil empregos em 2021. As vagas no agronegócio, no entanto, são ainda mais expressivas.
“A demanda no campo, ano após ano, tem se superado e aumentado. A agricultura está produzindo muito e está gerando outras atividades que antes não eram nem próprias do campo, principalmente a questão de agroindústria. Outros setores estão vindo para o espaço do campo e esses setores estão exigindo muita mão de obra — e mão de obra especializada”, analisa.
Preços
Em 2021, alguns alimentos perderam lugar na mesa do consumidor. Isso porque a alta constante nos preços da comida levaram o brasileiro a priorizar o essencial. “Tem algumas questões que têm um impacto muito forte na agricultura, que é muito dependente de energia como diesel, como gasolina. Isso tudo tem um impacto”, justifica Mendes.
Na opinião dele, o quadro deve melhorar a partir deste ano, mas não dá para ficar muito esperançoso. “Acho que agora as coisas começam a entrar numa certa normalidade. Tem uma tendência de isso voltar ao que era antes do início da pandemia. Mas é importante observar, também, que as coisas que estão acontecendo com o restante do mundo também têm um impacto aqui. Nós somos muito dependentes dos fertilizantes — e isso mais do que dobrou de preço”, alega.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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