A balança comercial registrou deficit de US$ 167 milhões em janeiro deste ano. Esse é o quarto ano seguido com resultado negativo em janeiro — o deficit é registrado quando as importações superam as exportações. Ao todo, segundo o governo, as importações somaram US$ 19,849 bilhões em janeiro, e as exportações, US$ 19,673 bilhões. Os dados são do Ministério da Economia e foram divulgado nesta terça-feira (1°/2).
Apesar do deficit, o resultado representa uma melhora em comparação a janeiro de 2020, quando o deficit comercial somou US$ 219,93 milhões. De acordo com os dados do governo, o deficit registrado em janeiro deste ano representa o quarto ano seguido com resultado negativo da balança para meses de janeiro.
O resultado apresenta também o melhor saldo comercial desde 2018, quando foi registrado um superavit — exportações maiores que compras do exterior — de US$ 1,655 bilhão.
Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, janeiro costuma ter saldos menores. “Vimos um deficit em janeiro do ano passado, e um deficit agora neste ano, mas eu não diria que é um comportamento recorrente", afirmou.
Exportações
De acordo com a pasta da Economia, em janeiro de 2022, o desempenho dos setores foi o seguinte: crescimento de 97,5% em Agropecuária, que somou US$ 3,36 bilhões; queda de 18,6% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 4,05 bilhões; e, por fim, crescimento de 36,1% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 12,16 bilhões. A combinação destes resultados levou ao aumento do total das exportações.
A expansão das exportações foi puxada, principalmente, pelo crescimento nas vendas dos seguintes produtos: Milho não moído, exceto milho doce (43%), Café não torrado (34,5%) e Soja (5.007,4%) na Agropecuária. Por sua vez, ainda que o resultado das exportações tenha sido de crescimento, os seguintes produtos registraram diminuição nas vendas:
- Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (-2,9%);
- Mel natural (-49,4%) e Algodão em bruto (-14,8%) na Agropecuária;
- Minério de ferro e seus concentrados (-36,8%);
- Minérios de cobre e seus concentrados (-68,8%);
- Minérios de níquel e seus concentrados (-100%) na Indústria Extrativa;
- Açúcares e melaços (-19,9%);
- Aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes (-67,1%);
- Ouro não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados) (-13,6%) na Indústria de Transformação.
Importações
O desempenho das importações teve queda de 15,7% em Agropecuária, que somou US$ 0,37 bilhão; crescimento de 325,8% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 2,44 bilhões, e, por fim, crescimento de 14,9% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 16,69 bilhões. A combinação destes resultados motivou o aumento das importações.
O movimento de crescimento nas importações foi influenciado pela ampliação das compras dos pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado (51,4%), Tabaco em bruto (107,3%) e Látex, borracha natural, balata, guta-percha, guaiúle, chicle e gomas naturais (39,8%) na Agropecuária, entre outros.
Ainda que o resultado das importações tenha sido de crescimento, os seguintes produtos tiveram diminuição. Como Trigo e centeio, não moídos (-15%), Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (-43%) e Soja (-87,6%) na Agropecuária.
O economista autônomo Hugo Passos, afirmou que o déficit foi puxado principalmente pelo valor negativo das exportações da indústria extrativa, que caiu 18,6%. “O qual o minério de ferro contribuiu com queda de 36,8%. Já no lado das importações o setor agropecuário contribuiu positivamente, caindo 15,7%, no entanto a indústria extrativa disparou em 325,5%”, afirmou.
“O déficit mostra que saiu mais dinheiro do Brasil que entrou, no entanto, a projeção do Banco Central que em 2022 feche com superavit de US$57,2 bilhões”, explicou. Mas lembrar que o real teve um dos melhores desempenhos em janeiro frente ao dólar, quando a cotação do câmbio teve queda de 4,8%.
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