O processo de modernização da agricultura passou por um incentivo à produção em grande escala, uso de maquinários e uso intensivo de agrotóxicos. Esse período, denominado Revolução Verde, ocorreu no pós-segunda Guerra Mundial, tempo em que era fundamental produzir em tempo hábil para atender à demanda da população por alimentos. As consequências desse modelo de produção são percebidos ainda hoje, em países que passaram pela colonização, como o Brasil. A continuidade dessa prática provoca efeitos diversos, principalmente climáticos.
Potira Preiss, pesquisadora e membro do Grupo de Estudos em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (GEPAD/UFRGS), lista três contribuições da agricultura brasileira para o desequilíbrio da natureza: o regime de queimadas; a produção em larga escala de gado bovino, responsável pela emissão de gases de efeito estufa; e o uso excessivo de agrotóxicos.
Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB) e membro da Academia Brasileira de Ciências, alerta: se o modelo agrícola não for questionado, além de provocar aquecimento global, afetará outros aspectos da vida humana. “O aquecimento global está associado ao aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos. A mudança climática envolve mudanças de temperatura, precipitação, sazonalidade, variabilidade climática e as interações com doenças e pragas que são fatores cruciais para a produção na agricultura. Adicionalmente, tais alterações afetam também a qualidade dos alimentos produzidos”, analisa.
Mercedes Bustamente é uma das convidadas do Correio Talks “Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Sustentável”, no próximo dia 9. Além da acadêmica, participam do encontro o deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP); Janine Coutinho, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec); Fábio Gomes, da Organização Panamericana da Saúde (Opas). A mediação será com o editor executivo do Correio, Vicente Nunes.
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Mercado externo
Estudos do Idec indicam contradições no modelo agrícola nacional. Segundo o documento “As cinco dimensões dos sistemas alimentares no Brasil: uma revisão de literatura”, o sistema agroalimentar brasileiro é “hegemonicamente orientado para a produção de commodities agrícolas, a serem comercializadas no mercado internacional”
Para o mercado interno, segundo o estudo, mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros são provenientes da produção familiar, a que menos recebe incentivo estatal. Potira Preiss relembra que programas governamentais voltados para esse tipo de agricultura tiveram redução de recursos ou foram suspensos.
Serviço
Correio Talks Live - Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Sustentável
Data: 9 de fevereiro de 2022
Horário: às 15h30
Transmissão ao vivo no site: www.correiobraziliense.com.br/correiotalks e nas
redes sociais do Correio: Twitter, Facebook e YouTube.
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