Um dia após o presidente Jair Bolsonaro anunciar aumento de 33% no piso salarial de professores, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta sexta-feira (28/1), que o bom resultado de 0,4% no deficit primário do Produto Interno Bruto (PIB) ocorreu devido ao controle de gastos realizado pelo governo federal, incluindo a falta de reajustes salariais para servidores.
“Tivemos coragem de fazer, em tempos de guerra, o que não fazemos em tempo de paz, que é controlar o orçamento. (...) Lá atrás fizemos o grande duplo compromisso de não faltar dinheiro para a saúde, mas isso não pode virar uma farra de aumentos salariais”, disse Guedes, durante a coletiva do Tesouro Nacional para apresentação das contas públicas de 2021.
O ministro criticou o apelo dos professores por aumento salarial durante a crise de pandemia e afirmou não fazer “o menor sentido”, uma vez que os profissionais estavam trabalhando de casa. “Não deve haver reajuste de salários para cidades, estados e governo federal durante a pandemia. Se estamos em home office, em casa, fazendo lives, para manter o distanciamento social, não faria o menor sentido. Os professores em casa, fazendo aula a distância quando podiam… Qual o sentido de pedir reajuste de salário, mesmo agora quando temos essa crise ainda conosco, com essa variante ômicron?”, questionou.
Na oportunidade, Guedes também refutou afirmações de especialistas da área da Economia, que defendem que a alta inflação foi a principal responsável pelo controle de despesas.
“Uma falácia foi usada por economistas mais preparados dizendo que a inflação que resolveu… Não é a inflação que resolve, é o controle das despesas”, defendeu. “Temos que ter cuidado com os salários, porque estamos ainda em guerra e temos que pagar pela nossa guerra, em vez de empurrar para as futuras gerações”, completou.
"Resultado extraordinário"
Paulo Guedes disse, ainda, que o “resultado extraordinário” do fechamento das contas públicas em 2021, mesmo com investimento de R$ 60 bilhões para combate à covid-19, ocorreu em razão do sacrifício do governo. “A nossa geração pode orgulhosamente dizer que nós pagamos pela pandemia, nós fizemos esse trabalho, nós travamos as despesas”, disse.