As expectativas de elevação de juros nos Estados Unidos, que deve ocorrer a partir de março, não foram suficientes para conter os investidores de todo o mundo que iniciaram esta quinta-feira (27/01) sem medo de riscos. O mercado nacional manteve o ritmo de alta pelo 3º dia consecutivo. Com o dólar comercial em baixa de 0,32%, a R$ 5,423 na compra e R$ 5,424 na venda, o Ibovespa fechou a +1,19%, aos 112.611 pontos, e com um volume negociado de R$ 35,1 bilhões.
Um dos motivos para essa movimentação, na avaliação de Natália Monaco, estrategista da Veedha Investimentos, é a incógnita mantida pelo Federal Reserve System (FED), o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos, de por quanto tempo manterá a elevação de juros, anunciada para março, na última reunião ocorrida nesta quarta-feira (26/01). “O FED afirmou que de fato eles vão elevar os juros, o que não foi uma surpresa, mas ficou em aberto a sinalização de quantas vezes os juros vão subir por lá ainda esse ano e quanto o balanço patrimonial dos EUA será reduzido”, explica a especialista.
Segundo Monaco, esse balanço patrimonial cresceu bastante no período mais crítico da pandemia, em razão do subsídio aos bancos que o FED ofereceu para que a economia continuasse crescendo durante a crise sanitária. “Eles têm bastante ativos para vender e o mercado fica com medo com relação à pressão de venda de alguns desses ativos”, explica.
Nesta quinta, porém, a estrategista ressalta que a “grata” surpresa de elevação de 6,9% no Produto Interno Bruto (PIB) americano, impulsionou uma alta na bolsa pela manhã, que se arrefeceu ao longo do dia. “Foi muito forte (a elevação no PIB) e a subida relevante no começo do dia, mas na hora do almoço arrefeceu e o mercado não teve força para continuar subindo”, afirma.
Na contramão desse arrefecimento, o Brasil mantém a “maré alta”, com a entrada de bastante capital estrangeiro. Nesta quinta, foram R$1,891 bilhões de fluxo que, em média, não ultrapassa R$ 1 bilhão. Essa tendência, explica Mônaco, deverá se estender, pelo menos, até a próxima alta de juros do Banco Central do Brasil (BCB), prevista para a próxima semana. “Temos visto uma bolsa brasileira com fluxo de capital bastante significativo já neste mês de janeiro. Primeiro devido à alta mais relevante no preço de commodities, segundo devido ao bom momento dos grandes bancos e, agora, devido à recuperação mais relevante no setor de varejo”, explica a especialista.
Emergentes em alta
Zeller Bernardino, especialista em câmbio da Valor Investimentos, afirma que é possível notar uma forte movimentação de países estrangeiros que têm deixado de investir em economias mais sólidas, como a dos Estados Unidos, para investir em países emergentes, como o Brasil. “É um nicho bem atrativo que as empresas brasileiras estão tendo. A bolsa americana tem operado em queda, com cerca de -14%, enquanto o Ibovespa vem de uma forte alta, de 7%. Esse fluxo deve continuar até o final do mês”, afirma.