Desde as inovações na saúde, como a impressão 3D de um coração humano, até as novidades no consumo, como a venda de produtos virtuais no metaverso, a tecnologia impõe sua presença. Para o futurista Gilberto Lima Jr., não é exagero dizer que ela está em todas as áreas da vida, e o que parecia tema de ficção se torna a realidade. O palestrante participou do CB Talks Live "Os impactos da revolução tecnológica na vida das pessoas", promovido pelo Correio em parceria com a Senac Faculdade de Tecnologia e Inovação, nesta quarta-feira (19/1).
“Há um preparo para o mundo seguir com grande impacto nas transações financeiras, em toda forma de consumo, baseado no meio digital. O Pix (sistema de pagamento instantâneo) é só um teste, um treinamento para isso”, defendeu Lima Jr. Para exemplificar, ele citou o uso de QR Codes nas feiras livres da China onde, para adquirir desde um espetinho até um produto de alto valor, o pagamento é feito de maneira digital.
No comércio, os impactos tecnológicos tendem a ser sentidos com intensidade na próxima década. O futurista destaca haver estudos que estimam que, em menos de 10 anos, as entregas de pedidos feitos de maneira virtual serão realizadas em menos de 40 minutos. “Como ficarão os shoppings centers? Como fica o varejo? E o comércio de atacado?”, questiona. E faz um alerta: “Quem está com dificuldade de aceitar a mudança, resistindo a ela, achando que é caro, que não serve para si, precisa ampliar a visão e se preparar, estudar”.
Haverá, ainda, impactos no setor alimentício. Com a tendência da busca por uma alimentação mais saudável e livre de agrotóxicos, as food techs estarão em evidência. A carne por reprodução celular em laboratório já é uma realidade, e será uma grande aliada na distribuição de alimentos no mundo. “Abatedouros e frigoríficos tendem a desaparecer”, projeta Lima Jr.
Universalização de acesso
Mas quando o assunto é tecnologia, é preciso levar em consideração as desigualdades sociais vividas no Brasil. Conforme dados do Mapa de Qualidade de Internet, lançado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), estados da faixa noroeste do Brasil, como Acre, Amazonas e Roraima, têm a pior velocidade de conexão de internet do país. Como, então, falar de inovação tecnológica em um país tão desigual?
“O tema social é imprescindível e urgente. Quem não está preparado é a política pública, no sentido de amparar a população, de criar uma inclusão digital, produzindo uma grande brecha entre quem acessa e quem não acessa. No âmbito da competitividade global, fará muita diferença para o Brasil ter a universalização de acesso”, analisa Lima Jr. Mas o especialista garante que, no futuro, acessar o mundo do metaverso não será mais uma opção, será a realidade. “Haverá até mesmo reuniões de trabalho ocorrendo no metaverso”, diz.
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Tanta mudança só será possível com uma economia colaborativa. É o que defende o palestrante: “É por esse caminho, de compartilhar, que é da natureza humana, que vamos conseguir compreender o valor que tem a ferramenta da tecnologia, e não colocar ela como ponto central nas nossas vidas”, conclui.