O Banco Central atribuiu à pandemia e à crise hídrica os motivos principais para a inflação do ano passado ter estourado o teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em carta pública dirigida ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou a forte elevação dos preços das commodities e a estiagem prolongada em 2021.
A divulgação de carta com explicações sobre os motivos que impediram o BC de cumprir o objetivo é uma exigência da política de metas de inflação adotada no Brasil.
A autarquia também citou o desequilíbrio entre a demanda e a oferta de insumos. "As pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens e impulsionada por políticas expansionistas", diz trecho da carta.
"Esses desenvolvimentos, que ocorreram em nível global, geraram excesso de demanda em relação à oferta de curto prazo de diversos bens, causando um desequilíbrio que, em diversos países e setores, foi exacerbado por falta de mão de obra, problemas logísticos e gargalos de produção. A aceleração significativa da inflação em 2021 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes."
O presidente do BC destacou, ainda, que a taxa de câmbio oscilou em níveis semelhantes aos do segundo semestre de 2020, "com tendência de apreciação no 2º trimestre do ano sendo revertida ao longo do segundo semestre, atingindo em dezembro de 2021 uma média 9,83% superior ao do mesmo mês do ano anterior".
*Estagiário sob a supervisão
de Odail Figueiredo