O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 1,5% para apenas 0,3% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2022. Também foi alterada a projeção de 2021 — de 5,2% foi para 4,7%. Os dados constam de relatório divulgado, ontem, pelo fundo com novas projeções para a economia mundial. Entre 26 países com economia avançada e emergente, o Brasil será o de menor expansão.
Diferentemente das previsões do ministro da economia, Paulo Guedes, as dificuldades da economia brasileira continuarão até 2023. A previsão do FMI é de que, no ano que vem, a expansão será de 1,6%. O ministro tem dirigido críticas ao fundo, cujas previsões não se alinham com as estimativas estabelecidas pelo governo.
O motivo principal para a piora das projeções é a alta da inflação — que, em 2021, chegou a 10,06%, a maior desde 2015. A expansão inflacionária tem levado o Banco Central a aumentar os juros, o que tende a limitar a atividade econômica. A taxa básica de juros, a Selic, saiu de 2% ao ano, em janeiro, para 9,75%, em dezembro. "A projeção (para a economia) se enfraqueceu no Brasil, onde a luta contra a inflação acarretou uma forte resposta da política monetária, o que vai pesar sobre a demanda doméstica", avalia o relatório do FMI.
A previsão de queda na atividade não é exclusiva para o Brasil, pois, segundo o fundo, haverá uma desaceleração mundial em função dos efeitos na economia da variante ômicron do novo coronavírus. Outra dificuldade são os elevados preços na energia e de alimentos, assim como nas cadeias internacionais de produção.
"Muitos governos estão aumentando juros, aqui no Brasil teve uma alta bem forte no ano passado e ainda temos a expectativa de muitos aumentos até o meio do ano. Vai depender de como a inflação vai se comportar", comentou Virginia Prestes, sócia do escritório de investimentos The Hill Capital.
De acordo com a especialista, isso significa um estímulo monetário inverso "Se tira dinheiro da economia real e estimula as pessoas a guardarem, a emprestar para o governo, para o banco e a indústria produtiva o acesso ao crédito fica muito caro. Isso freia o investimento", explicou.
Entre especialistas do mercado, a expectativa é de crescimento do PIB de 0,29% para o ano. Segundo eles, se fatos, como os que ocorreram no ano passado, não se repetirem, pode haver um alívio na inflação.
Outro ponto de sobressalto seria o país passar por algum evento como o da crise hídrica de 2021. Isso porque a energia elétrica, assim como os combustíveis, são importantes vetores para cadeia produtiva do país. ( TA)
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