Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sinalizado a intenção de conceder reajuste apenas para os policiais federais — cerca de 3% do total dos funcionários da União —, os demais, que representam 97% do total de servidores federais, partiram para o ataque e realizaram mobilizações e ameaçam greve. Os recursos para o reajuste dos policiais, de R$ 1,7 bilhão foram reservados no Orçamento de 2022, a pedido de Bolsonaro, que sancionou a peça orçamentária, mas ainda não confirmou se vetou esse aumento para acalmar os demais servidores.
Integrantes da base do funcionalismo, o carreirão, são os que sentem mais a falta de reajuste. "São cinco anos com salário congelado. Estamos indignados e tentando transformar isso em ação, porque ficar indignado só não resolve. Estamos desenvolvendo várias ações que podem se transformar em uma paralisação, se for preciso", afirma Sérgio Ronaldo, presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), coletivo de sindicatos que compõem o carreirão.
A escalada nos preços incomoda até mesmo a elite do funcionalismo. Servidores de instituições como Banco Central e Receita Federal, por exemplo, têm feito série de mobilizações com um calendário de greve aprovado pelo Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa o grupo de servidores que recebem maior remuneração.
"Os números deixam claro que houve uma perda no poder aquisitivo para os servidores federais em torno de 27,5%. Mais de 80% do funcionalismo estão com os salários congelados desde 2017", afirma Rudinei Marques, presidente do Fonacate.
Uma possível greve geral, além de parar a máquina pública, causaria prejuízos fortes para a economia do país. Entretanto, se a situação para funcionários da União com estabilidade e demais benefícios adquiridos após conquistar uma vaga em concurso público está complicada, o aperto é ainda mais severo para mais de 40 milhões de brasileiros que estão entre os chamados "invisíveis" do governo federal. (RF e BL)
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