A alta das cotações do petróleo no mercado internacional tem aumentado as pressões sobre a Petrobras e o preço dos combustíveis. Segundo analistas, os preços da commodity podem chegar a US$ 100 por barril neste ano, o que seria o maior valor desde 2014. A tendência é alimentada tanto por fatores econômicos, como a recuperação da atividade global, quanto por questões geopolíticas, que têm a tensão militar na fronteira da Rússia com a Ucrânia como maior exemplo. Ontem, o petróleo tipo Brent fechou a US$ 88,44 na Bolsa de Londres, acumulando alta de mais de 50% desde o início do ano passado.
O último reajuste anunciado pela estatal foi em 12 de janeiro, quando o preço da gasolina vendida nas refinarias aumentou 4,85%, e o do diesel, 8%, após 77 dias sem correção. Para analistas, há uma defasagem entre os preços internos dos combustíveis e as cotações internacionais. Cálculos da Ativa Corretora indicam que a diferença estaria ao redor de 15% no caso da gasolina.
“Isso é fruto, principalmente, da alta no preço do barril de petróleo. Contudo, para prazos mais dilatados a previsibilidade se reduz, já que o preço do petróleo e o câmbio são as variáveis que determinam a dinâmica dos preços domésticos”, disse o economista da Ativa Investimentos, Guilherme Sousa.
“A política da Petrobras é de manter a paridade ao mercado internacional, ou seja, não há tendência de queda nos preços. Se não houver uma mudança nessa política ou no modelo tributário do ICMS, principalmente, os combustíveis ficarão com preços elevados neste ano”, afirmou o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares.
Segundo ele, a previsão não só aponta para a manutenção no valor dos combustíveis, mas de elevação: “A forte demanda e as interrupções na oferta de curto prazo continuam a sustentar os preços próximos ao seu maior nível desde 2014. Portanto, em 2022 a tendência é de alta”.
Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) registraram que há gasolina sendo vendida no país a R$ 7,89 — um salto e tanto em comparação a janeiro do ano passado, quando o combustível custava R$ 4,48 por litro, em média.
“No início da pandemia, diversos países tiveram que diminuir a produção de petróleo, já que houve redução significativa da mobilidade e da demanda. Essa dinâmica ainda não foi totalmente regularizada”, explicou Tavares. Ele disse que a variante ômicron, embora tenha assustado, não segurou a demanda pela commodity.
Renan Silva, gestor da BlueMetrix Asset, afirmou que a alta do petróleo deve resultar em uma maior pressão inflacionária: “Teremos mais um choque de custo para as empresas, porque combustíveis e outros derivados de petróleo são insumos para a indústria”, disse.
Ele lembrou que a elevação da commodity vem de um crescimento global sincronizado. “A alta faz parte dessa demanda sobre as commodities no geral, que está atrelada ao crescimento global no pós-covid”, explicou.
*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo
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