Voos poderão ter tripulação reduzida

Medida foi autorizada pela Anac após companhias aéreas reportarem surto de covid-19 e cancelarem mais de 630 viagens

Maria Eduarda Angeli*
postado em 19/01/2022 00:01
 (crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
(crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou a Gol a operar com número reduzido de comissários de bordo. A Azul já contava com a permissão, ao passo que a Latam aguarda decisão do órgão regulador quanto à solicitação. A medida vem em meio à alta nos casos de influenza e de covid-19 pela variante ômicron, que vêm afetando vários setores da economia. No caso do setor aéreo, os desfalques na tripulação fizeram com que as linhas aéreas brasileiras passassem a cancelar uma enorme quantidade de voos.

A medida foi aprovada na segunda-feira para a Gol, e já havia sido liberada para a Azul em 12 de janeiro. A ação deve obrigar as empresas a reacomodar clientes em outros voos, visto que as aeronaves terão a capacidade reduzida para se adequar à menor tripulação, já que é necessário ter ao menos um comissário para cada 50 passageiros. A princípio, as portarias terão validade até 13 de março de 2022 para a Azul e até 14 de março de 2022 para a Gol.

A restrição de assentos depende do modelo do avião. Nos Boeings 737-800 e 737 Max 8, operados pela Gol, o número máximo de assentos passará de 186 para 150, se voarem com três comissários. O Airbus A320 da Azul também pode levar 150 viajantes, reduzindo em 14 assentos sua capacidade original. Há, ainda, voos que podem ocorrer com apenas dois comissários, se feitos com aeronaves do modelo Embraer E195, que, nesse cenário, acomodaria 100 passageiros.

Embora a Gol não tenha reportado viagens suspensas nas últimas semanas, Latam e Azul somam mais de 630 voos cancelados. A situação levou o Procon-SP a pedir esclarecimentos às empresas. Os dados mais recentes da Anac mostram que, juntas, Azul, Gol e Latam são responsáveis por mais de 98% da aviação doméstica no país.

A decisão de permitir as viagens aéreas com menor tripulação pode ser um instrumento para diminuir os cancelamentos de voo. Na opinião do economista Felipe Queiroz, a ação é "necessária para evitar uma onda de quebradeiras". "O setor tem um custo fixo elevado. Além da tripulação, tem a questão das aeronaves, e há a necessidade de manter uma taxa mínima para essas empresas continuarem ativas no mercado e terem condição de se sustentar diante desse cenário adverso", disse. Ele lembrou que, no início da pandemia, o governo liberou créditos para as companhias, para que elas se mantivessem ativas e não quebrassem.

A Azul e a Gol informaram que só vão usar a permissão para reduzir a tripulação em casos de "extrema necessidade", sem prejuízo da segurança dos voos. Em nota, a Gol disse que a iniciativa é uma "medida preventiva" com o objetivo de evitar cancelamentos e afetar clientes com voos programados nos próximos dias, caso haja aumento de baixas médicas devido à covid-19.

"A Gol reforça que seguirá programando seus voos a serem realizados por aeronaves Boeing 737-800 e 737 MAX 8, com capacidade para 186 passageiros, para quatro comissários. A redução para três comissários será feita apenas em casos de extrema necessidade para os voos que tiverem no máximo 150 passageiros", informou a companhia, em nota.

*Estagiária sob a supervisão

de Odail Figueiredo

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