Varejo

Vendas do comércio varejista crescem, mas não empolgam

Mesmo com esse resultado, mais da metade das atividades apresentou desempenho negativo no período

Fernanda Strickland
postado em 15/01/2022 06:00 / atualizado em 17/01/2022 14:40
Alta de 0,6% em novembro foi puxada por supermercados -  (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
Alta de 0,6% em novembro foi puxada por supermercados - (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

O volume de vendas do comércio varejista no país cresceu 0,6% em novembro de 2021. Mesmo com esse resultado, mais da metade das atividades apresentou desempenho negativo no período. No ano, o varejo acumula alta de 1,9% e nos últimos 12 meses, crescimento de 1,9%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cinco das oito atividades pesquisadas tiveram taxas negativas em novembro. A alta do mês foi puxada, principalmente, pelo crescimento das vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%). Também avançaram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,2%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,2%).

Já o volume de vendas de móveis e eletrodomésticos recuou 2,3%, assim como tecidos, vestuário e calçados (-1,9%), combustíveis e lubrificantes (-1,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,4%). O grupo de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação caiu -0,1%, o que indica estabilidade.

Na comparação com novembro de 2020, o comércio varejista recuou 4,2%, com sete das oito atividades pesquisadas apresentando taxas negativas. Os destaques ficaram com móveis e eletrodomésticos (-21,5%), combustíveis e lubrificantes (-7,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6%) e tecidos, vestuário e calçados (-4,4%).

O gerente da Pesquisa, Cristiano Santos, disse que a última edição da Black Friday foi menos intensa, em termos de volume de vendas, do que a de 2020. "Isso se deve, em parte, à inflação, mas também a uma mudança no perfil de consumo. Algumas compras foram feitas em outubro ou até mesmo no primeiro semestre, quando houve maior disponibilidade de crédito e descontos. Isso adiantou, de certa forma, a Black Friday para algumas cadeias produtivas", explicou.

Taxas negativas

O comércio varejista recuou 4,2% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2020. Sete das oito atividades investigadas tiveram taxas negativas, com destaque para móveis e eletrodomésticos (-21,5%), combustíveis e lubrificantes (-7,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6%) e tecidos, vestuário e calçados (-4,4%).

Os outros segmentos que tiveram queda na comparação com novembro de 2020 foram hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,6%), e livros, jornais, revistas e papelaria (-14,4%).

O gerente da Pesquisa, Cristiano Santos, disse que a última edição da Black Friday foi menos intensa, em termos de volume de vendas, do que a de 2020 — quando esse período de promoções foi melhor, sobretudo para as maiores cadeias do varejo. “Isso se deve, em parte, pela inflação, mas também por uma mudança no perfil de consumo. Algumas compras foram realizadas em outubro ou até mesmo no primeiro semestre, quando houve maior disponibilidade de crédito e o fenômeno dos descontos. Isso adiantou de certa forma a Black Friday para algumas cadeias”, explica.

O economista Hugo Passos explicou que apesar do crescimento de 0,6% comparado com o mês anterior, o mês de novembro teve a Black Friday e quando comparado anualmente teve queda de 4,2%. “Isso se reflete numa temporada de promoções mais fracas que em 2020, muito impactado pelo crescimento inflacionário”, disse. Segundo Passos, em 2021 a inflação fechou com alta de 10,06%, com previsão acima de 5% para esse ano, podendo ainda mais sofrer pressão pelo aumento de preços das commodities.”

Perspectivas

O resultado de novembro veio acima da expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que projetava estabilidade em relação a outubro. A entidade avalia que o aumento da circulação de consumidores permitiu a reação do setor, após as duas ondas da pandemia se mostrarem próximas ao esgotamento. No entanto, o cenário não deve se repetir nos próximos meses.

"Na semana que antecedeu o Natal, a média semanal de fluxo de consumidores chegou a superar em 20% o nível pré-pandemia", apontou a Confederação. "Contudo, a rápida disseminação da variante ômicron e a natural desaceleração das compras após as festas de fim de ano passaram a constituir um cenário desafiador para o setor no início de 2022."

Segundo a CNC, além do ritmo intenso dos reajustes no atacado e da incapacidade de repasse integral das altas de preços ao consumidor final, somam-se ao cenário de piora das condições de consumo o encarecimento do crédito e a letargia do mercado de trabalho.

 

 

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