O setor de serviços, que representa mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), voltou a crescer em novembro, ano, após duas quedas consecutivas, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento de 2,4% ficou acima das expectativas do mercado, que esperava 0,2%, mas não empolgou os especialistas, porque se refere a um período anterior à chegada da variante ômicron ao país. A nova explosão de casos de covid-19 poderá ser um freio para o processo de recuperação que vinha ocorrendo.
Em receita, o crescimento do segmento foi de 1,9%. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, ainda apontou crescimento de 10%, em volume, e de 15,5%, em receita, na comparação com o mesmo mês de 2020. No acumulado do ano, o volume registrou aumento de 10,9% e, em 12 meses até novembro, avançou 9,5% — a maior variação para o período desde o início da série, iniciada em 2012.
Com o resultado de novembro, o setor ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, retornando ao mesmo nível de dezembro de 2015, quando o PIB brasileiro encolheu 3,5%. Contudo, essa recuperação continua desigual e nem todos os setores estão comemorando.
A PMS registrou crescimento em quatro das cinco áreas pesquisadas, mas três delas ainda não retornaram ao patamar pré-crise. O segmento de serviços prestados às famílias, que inclui bares, restaurantes e hospedagem e é o que mais emprega, está 11,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020. O segmento de serviços profissionais e administrativos ainda precisa crescer 4,2% para voltar ao patamar pré-crise. Para o ramo de outros serviços recuperar o nível de fevereiro de 2020, falta crescer 2,5%. Enquanto isso, as atividades de serviços de informação e comunicação e o de transportes estão 13,7% e 7,2%, respectivamente, acima do nível pré-pandemia.
"Os dados apresentavam um pouco de recuperação do setor de serviços, mas ela continua desigual. E, agora, com a ômicron e o surto de gripe, justamente o segmento mais atingido, o de serviços prestados às famílias, pode demorar muito mais para se recuperar para o período pré-pandemia, porque deve continuar sendo um dos mais afetados", alertou Mayara Santiago, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Os técnicos do instituto estão fazendo ajustes nas projeções, mas mantiveram em 0,6% a previsão de crescimento do PIB no quatro trimestre.
A analista lembrou que, apesar do segmento de transportes estar acima do nível pré-pandemia, o setor aéreo ainda está 16,5% abaixo do nível pré-pandemia, especialmente devido ao aumento no número de voos cancelados por conta da contaminação de tripulantes. "O estado de alerta em relação à ômicron pode ter um impacto menor no setor aéreo em dezembro e maior neste início de ano", acrescentou Santiago.
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