O Banco Central divulgou, nesta terça-feira (11/1), uma carta à nação para explicar o motivo de a inflação ter ficado fora do intervalo da meta em 2021. Segundo o documento, os principais fatores são: forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local, em especial os preços de commodities; e bandeira de energia elétrica de escassez hídrica.
A autarquia também citou o desequilíbrio entre a demanda e a oferta de insumos. “As pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens e impulsionada por políticas expansionistas", diz trecho da carta.
“Esses desenvolvimentos, que ocorreram em nível global, geraram excesso de demanda em relação à oferta de curto prazo de diversos bens, causando um desequilíbrio que, em diversos países e setores, foi exacerbado por falta de mão-de-obra, problemas logísticos e gargalos de produção. De fato, a aceleração significativa da inflação em 2021 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes”, escreve o Banco Central.
A carta foi assinada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Em relação à taxa do câmbio, ele destacou que o indicador oscilou entre níveis semelhantes aos observados no segundo semestre de 2020, "com tendência de apreciação no 2º trimestre do ano sendo revertida ao longo do segundo semestre, atingindo em dezembro de 2021 uma média 9,83% superior ao do mesmo mês do ano anterior".
Embora a contribuição da taxa de câmbio para a inflação tenha sido menor do que em 2020, o BC apontou a quebra no padrão histórico de apreciação da moeda nacional durante ciclos de elevação nos preços das commodities, como o ocorrido nos últimos 18 meses.
Inflação
Na manhã desta terça-feira (11/1), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou o ano de 2021 em 10,06%. A meta de inflação do período era 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
Sempre que a inflação fica fora dessa faixa, o presidente do BC é obrigado a escrever uma carta pública e endereçada ao ministro da Economia detalhando as razões para o comportamento da trajetória de preços no ano anterior. A última vez em que isso ocorreu foi em 2018, quando ficou em 2,95%, abaixo do piso de 3% estabelecido.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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