O impacto do aperto do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode ser grande para as economia emergentes mais vulneráveis, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em artigo publicado em seu blog, nesta segunda-feira (10/01), o organismo multilateral aponta que, nos últimos meses, os mercados emergentes com elevadas dívidas pública e privada, exposições cambiais e saldos menores em conta corrente já tiveram maiores movimentos de suas moedas em relação ao dólar. A combinação de crescimento mais lento e vulnerabilidades elevadas pode criar ciclos adversos para tais economias, avalia o FMI.
O documento destacou que os emergentes mais endividados precisam se preparar para a alta de juros do Fed, antecipando, o quanto antes, ajustes fiscais. O órgão informou que continua esperando um crescimento robusto dos EUA, com a inflação, provavelmente, se moderando no final deste ano.
As taxas de juros devem aumentar e a história mostra que os efeitos para os mercados emergentes são provavelmente benignos se o aperto for gradual, bem telegrafado e em resposta a um fortalecimento na recuperação, na avaliação do Fundo. As moedas de mercados emergentes ainda podem se depreciar, mas a demanda estrangeira iria compensar o impacto do aumento dos custos de financiamento, apontou o artigo assinado pelos economistas Stephan Danninger, Kenneth Kang and Hélène Poirson.
Por outro lado, aumentos mais rápidos nos juros poderiam sacudir os mercados e apertar as condições no mundo, desenvolvimentos que podem vir com uma desaceleração da demanda e do comércio dos EUA, e podem levar a saídas de capital e depreciação da moeda em mercados emergentes, alertou o órgão.
No fim do ano passado, o Fed antecipou a perspectiva de alta de juros, acendendo um sinal de alerta para os mercados emergentes mais endividados, como é o caso do Brasil, que perdeu o grau de investimento em 2015 e os títulos do Tesouro Nacional são classificados como "lixo" no mercado externo. Pelas estimativas do FMI, o Brasil tem uma das maiores taxas de dívida pública bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) entres os países emergentes, bem acima da média dos países em desenvolvimento, de 60%
Em resposta às condições de financiamento mais restritivas, os emergentes devem adaptar a resposta com base em suas circunstâncias e vulnerabilidades, destacou o FMI. Aqueles com credibilidade para conter a inflação podem apertar a política monetária de forma mais gradual, enquanto outros com inflação mais forte ou instituições mais fracas devem agir de forma rápida e abrangente, avaliou. Em ambos os casos, as respostas devem incluir a depreciação das moedas e o aumento dos juros de referência, afirmou o relatório.
Tais ações podem representar escolhas difíceis enquanto tentam apoiar uma economia doméstica fraca. Da mesma forma, estender o apoio às empresas além das medidas existentes pode aumentar riscos de crédito e enfraquece a saúde a longo prazo das instituições financeiras, atrasando o reconhecimento de perdas, alertou o FMI, lembrando que reverter as medidas pode restringir ainda mais as condições, enfraquecendo a recuperação.
Para os bancos centrais conterem as pressões inflacionárias, uma comunicação clara e consistente dos planos pode melhorar a compreensão do público da necessidade de buscar a estabilidade de preços, enquanto países com altos níveis de endividamento em moedas estrangeiras devem procurar reduzir esses descasamentos e proteger suas exposições, afirmou o FMI.
Países altamente endividados também podem precisar iniciar o ajuste fiscal mais cedo e mais rápido, avaliou o Fundo. O apoio contínuo para as empresas deve ser revisado e os planos para normalizar esse suporte deve ser calibrado com cuidado para a perspectiva e para preservar a estabilidade, acrescentou.
Com informações da Agência Estado
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