Após ter sido notificada pela Secretaria Nacional de Defesa ao Consumidor (Senacon) por deixar milhares de passageiros desamparados em aeroportos de todo o país, desde a noite de sexta-feira, a Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), informou que não recebeu nenhuma notificação oficial do órgão, que é vinculado ao Ministério da Justiça.
A Senacom pediu explicações em 24 horas e determinou, sob pena de multa, que a empresa elabore um plano de assistência aos passageiros prejudicados. Ontem, porém, nenhum empregado da companhia estava presente nos guichês de atendimento do Aeroporto de Brasília. Funcionários do terminal, no entanto, informaram ao Correio que empregados da ITA estavam no local trabalhando internamente. “Eles vieram sem uniforme e ficaram lá dentro para não serem reconhecidos, porém eles estão no local”, afirmou um empregado do JK.
Na última sexta-feira, a Itapemirim comunicou a suspensão temporária de todos os voos, deixando cerca de 40 mil passageiros desamparados. A decisão levou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a suspender a licença da companhia. Mais de 500 voos previstos até o fim do ano foram afetados.
De acordo com a Anac, até o último domingo apenas cerca de 430 passageiros da ITA haviam sido reacomodados em voos de empresas congêneres, sendo que aproximadamente 7 mil viajantes estão em processo de reembolso.
Em nota enviada ao Correio, o grupo pontuou que todos os esclarecimentos da suspensão temporária das atividades foram dados à Anac, bem como as providências tomadas para atender seus clientes. No texto, a empresa afirmou que “vem progressivamente adequando seus meios de contatos e estrutura para atender seus clientes afetados e realizando diariamente os estorno das passagens, não medindo esforços para disponibilizar a relocação de seus passageiros”.
O grupo informou também que a decisão não afeta o serviço de transporte rodoviário da Viação Itapemirim — empresa que está em recuperação judicial desde 2016 e deve cerca de R$ 253 milhões a credores, além de R$ 2,2 bilhões em tributos.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas informou que a crise na Ita começou seis meses após seu lançamento, quando a empresa aérea passou a atrasar salários e benefícios de funcionários e pagamentos de fornecedores. Além disso, o plano de saúde da equipe foi suspenso no início de dezembro.