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Vinho cai no gosto dos brasileiros e venda cresce, principalmente na pandemia

Em uma década, 17 milhões de pessoas, no Brasil, passaram a consumir a bebida regularmente. Com a pandemia, comercialização pela internet ganha força

O consumo de vinho tem aumentado em diferentes mercados. No Brasil, segundo pesquisas da consultoria inglesa Wine Intelligence, a base de consumidores regulares cresceu em 17 milhões de pessoas na última década. "Em 2010, 22 milhões de respondentes declaravam consumir vinho ao menos uma vez por mês. Em 2020, este número subiu para 39 milhões, o equivalente a quase duas vezes a população de Portugal", diz um levantamento da empresa.

Esse aumento pode ser explicado, em parte, pelo maior isolamento social imposto pela pandemia da covid-19. Como as pessoas ficaram mais em casa, sem poder socializar, frequentar restaurantes e viajar, encontraram no vinho a companhia ideal para a quarentena. Por conta disso, as vendas pela internet dispararam.

O crescimento do consumo, no entanto, não foi o mesmo em todos os países. Segundo a Drinks Market Analysis Limited (IWSR), empresa voltada à análise do mercado de bebidas alcoólicas, em 2020, o mercado mundial sofreu retração de 6,5% no caso do vinho, 7,1% no da cerveja e 6,2% no agregado das bebidas alcoólicas, na comparação com 2019. Em contraste, o consumo de vinhos no Brasil aumentou 28% no mesmo período, enquanto o de cerveja cresceu 1,7%.

Para Rodrigo Lanari, coordenador do blog Winext, seria simplista afirmar que o isolamento social por si só explica o crescimento da venda de vinhos no Brasil. "Como se prender o consumidor em casa resultasse sempre em um aumento no consumo de vinho. Tanto não é verdadeiro que o efeito foi exatamente o contrário em importantes mercados, incluindo China, Espanha, Austrália, Canadá e África do Sul", afirma.

Segundo Lanari, é importante separar os fatores relacionados à pandemia que impulsionaram o consumo do vinho no Brasil, daqueles que já estavam presentes no nosso mercado. "Em outras palavras, é preciso distinguir as tendências estruturais e de longo prazo daquelas ocasionais e potencialmente de curto prazo", explica.

Não há dúvida, porém, que a pandemia contribuiu para o aumento da venda on-line de bebidas alcoólicas. De acordo com dados da Wine Intelligence, o crescimento foi de 93,9% entre 2019 e 2020. Além de comprarem mais, consumidores também estão gastando valores mais elevados por pedido. O tíquete médio analisado pela companhia é de R$ 310,70, valor 4,3% maior do que o do mesmo período do ano anterior. Segundo a pesquisa, o faturamento do setor atingiu R$ 77,3 milhões, uma alta de 102,4% em relação ao mesmo período de 2019.

Segundo Maiquel Vignatti, gerente de Marketing da Cooperativa Vinícola Garibaldi, os canais digitais são um importante elemento na construção, consolidação e fidelização de relacionamento e, por conseguinte, também de comercialização de produtos. "Nós não temos um canal próprio de e-commerce, mas temos parcerias firmadas com marketplaces e redes de supermercado. Então, nossos produtos estão acessíveis em qualquer lugar do país. A pandemia mostrou o quanto esses canais precisam ser alimentados e estarão cada vez mais presentes na vida de todos", afirma.

De acordo com Vignatti, o Brasil tem um mercado potencial para vinhos que faz inveja a muitos países. Hoje, é o 14º consumidor de vinho do mundo. No entanto, afirma, ainda é preciso trabalhar muito a promoção do vinho nacional, que não deve nada aos estrangeiros em termos de qualidade. "Mas há um aspecto cultural que também precisa ser trabalhado a fim de que o vinho esteja mais presente na mesa do brasileiro, para que ele perceba que o vinho é uma boa companhia para qualquer ocasião, no happy hour, na piscina, na praia, na festa", explica.

José Alberto Bardawil, da Fazenda Califórnia no Distrito Federal (DF), conta que tudo começou com a ideia de plantar uva no cerrado. “Iniciamos com uva de mesa, produzimos as famosas ‘uvas mel’, quem prova, se apaixona pelas uvas Niágara da Fazenda Califórnia DF. Com o tempo fomos adquirindo conhecimento sobre o manejo da uva, decidimos arriscar nas uvas Viníferas, nosso carro chefe são as uvas Syrah, além de Barbera e Tempranillo. O desafio é grande mas estamos bem empolgados com o resultado. As uvas são muito sensíveis e precisam de bastante cuidado e atenção”, contou.

Bardawil esclarece que existem as empresas que vendem vinhos, os famosos clubes de vinhos e adega. “Hoje pode-se encontrar tanto vinho brasileiro como importado, a variedade e a qualidade são as mesmas. O mercado brasileiro é gigante, seletivo e tem espaço para todos. O grande segredo é aprender a cultivar seu público alvo. No nosso caso, o objetivo é produzir um vinho de qualidade, único, singular e com a cara do nosso “terroir”, que remete à Brasília”.

A Fazenda Califórnia está começando a produzir os vinhos artesanais. “Estamos em fase de experimentação, voltado mais para o consumo familiar e de amigos. Avaliando cada detalhe neste momento. Com a construção da nossa vinícola, vamos seguir com o processo de vinificação. A ideia é direcionar, aos poucos, para industrializar a produção. O futuro a Deus pertence e estamos trabalhando para que seja um vinho com boa qualidade, aceitação, não só no mercado Brasiliense, como em todo o Brasil e porquê não? Hoje sabemos que a grande magia é o processo, a caminhada, então estamos entregues neste novo percurso para todos nós aqui do DF”, afirmou.

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