O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nota oficial, nesta quinta-feira (16/12), anunciando o encerramento do escritório de representação da Organização no Brasil, situado em Brasília. O fim da unidade é uma possível resposta à afirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, que alegou “desequilíbrio” na relação com o Fundo e que “dispensa” a atuação da instituição junto ao país.
“Nós estamos dispensando o FMI. Eles estão aqui há bastante tempo, havia bastante desequilíbrio. E eu assinei: pode voltar, pode passear lá fora. Vieram aqui para prever uma queda de 9,7%, e a Inglaterra ia cair 4%. Nós caímos 4%, a Inglaterra, 9,7%. Achamos melhor eles fazerem previsões em outro lugar”, declarou Guedes, em evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na quarta-feira (15).
Em sua crítica à atuação do Fundo no Brasil, com intuito de assistir o país no controle do Orçamento e do câmbio, Guedes acrescentou que os membros da organização permaneceram no país porque “gostam de feijoada, jogo de futebol e conversa boa”. “E, de vez em quando, (gostam de) criticar um pouco e fazer previsão errada", completou.
Na nota, o FMI confirma que fechará seu escritório de representação no Brasil por meio de um acordo. “O FMI fechou um acordo com as autoridades brasileiras para encerrar o Escritório de Representação do FMI em Brasília até 30 de junho de 2022”, diz o comunicado.
Apoio aos vulneráveis
Não é de hoje que o ministro Paulo Guedes critica a atuação do FMI e reclama sobre a necessidade de novas linhas de financiamento do Fundo, que sejam mais acessíveis aos países mais frágeis, ainda não elegíveis aos programas atualmente oferecidos pela Organização.
Em Reunião Plenária do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), em Washington, nos Estados Unidos, no dia 14 de outubro, Guedes tratou sobre a alocação geral de Direitos Especiais de Saque (DES) do FMI e reforçou a importância da “canalização voluntária desses direitos”, para torná-los “mais eficazes no apoio aos países membros”.
O ministro pediu, ainda, à época, que as economias mais avançadas aumentassem as contribuições, a fim de que o FMI pudesse fornecer empréstimos concessionais aos países mais vulneráveis, chamados por ele de “grupo intermediário esquecido”.