A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou, nesta quarta-feira (15/12), previsões de crescimento econômico para 2022. Na análise de conjuntura da entidade, a economia brasileira deverá avançar 1,2% no próximo ano, ante 4,7% esperados para o fim de 2021. O número é bastante otimista com relação à projeção do mercado financeiro apresentada no último boletim Focus, divulgado na segunda-feira (13), que estima que o avanço do Produto Interno Bruno (PIB) será de 0,5% em 2022.
Durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta, o gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explicou o motivo dessa disparidade e reconheceu que os avanços positivos deverão surgir, somente, a partir do segundo semestre do ano que vem.
“O nosso cenário otimista em relação à média do mercado financeiro está muito baseado na recuperação que a gente acredita que acontecerá, principalmente, da metade do ano (de 2022) em diante", respondeu Telles, ao Correio.
Segundo o gerente, isso deve ocorrer "por conta da inflação em queda e com a ocupação crescendo, aumentando a massa de rendimento real da população, que é o que dá o poder de compra (para o consumidor)”. Ainda segundo Telles, outro fator positivo que deverá ajudar a alavancar a economia na segunda metade do próximo ano é a esperada normalização das cadeias de fornecimento de matéria-prima e insumos.
“Pesquisa dos industriais aponta que, até metade do ano, essa situação deve começar a se normalizar e vai ter um impacto grande”, disse. “Quando a gente vê a nossa trajetória de PIB, realmente é (previsto) um início de ano fraco, mas com reação no segundo semestre”, completou.
Já no que tange somente o setor industrial, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, reforçou que o crescimento previsto pela entidade é de apenas 0,5%, com grandes expectativas sobre os setores de serviços e agricultura. “Analisamos e levantamos que existe a possibilidade de um crescimento mais forte na agricultura, devido ao aumento na produção, que está sendo anunciado. E como este ano não foi um ano bom para o serviço, isso também pode acontecer no ano de 2022”, afirmou.
Ainda de acordo com ele, a entidade tem realizado atividade parlamentar, constantemente, no Congresso Nacional e junto ao Executivo, para levar propostas que possam trazer alguma esperança para o primeiro trimestre de 2022 e fazer o setor industrial “surpreender”, com crescimento acima do esperado. Braga Andrade também reforçou a importância de uma mudança no cenário de empregos para o futuro da economia.
"Nossa grande preocupação é o desemprego, ainda em nível elevadíssimo, com cerca de 13 milhões de pessoas desempregadas. Esperamos que, em 2022, o setor de serviços passe realmente a contratar mais, porque o setor de serviços tem essa condição de dar emprego mais rapidamente. E esperamos que a massa salarial e a qualidade dos empregos melhorem um pouco para que represente aumento de consumo interno”, disse.
Apesar da aposta da indústria no setor de serviços para impulsionar o PIB em 2022, os dados mais recentes do setor, divulgados na terça-feira (14), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que houve recuo de 1,2% neste segmento, na passagem de setembro para outubro.
Segundo o instituto, o setor de serviços, que responde pela maior parte do PIB, apresentou a segunda queda consecutiva, acumulando retração de 1,9%. Ainda segundo informações do IBGE, setor de serviços ainda está 2,1% acima do patamar pré-pandemia, mas bem abaixo do (-9,3%) do recorde registrado em novembro de 2014.
Reforma tributária
O presidente da CNI também falou sobre a pressão que o setor industrial, por meio da entidade, tem feito pela rápida deliberação da proposta de reforma tributária, atualmente em apreciação no Senado Federal.
“Apoiamos a PEC que está no Senado, porque ali já existe um consenso entre todos os governadores. A grande maioria dos municípios também está a favor, só alguns têm alguma resistência. Mas o governo, a Receita Federal e os empresários, de maneira geral, estão a favor da reforma. O vento está soprando a favor e tudo está indo na mesma direção. Não tem motivo para retardar a aprovação dessa medida no Congresso”, defendeu Robson Braga Andrade.
A PEC 110/2019, citada pelo presidente da CNI, foi disponibilizada no dia 5 de outubro, pelo relator do texto no Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), para apreciação dos parlamentares. Hoje, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), confirmou que a proposta será votada na primeira reunião do colegiado em 2022, que ocorrerá após o recesso parlamentar, que se estende até o início fevereiro.