O dólar comercial fechou em alta de 1,07%, a R$ 5,67 em semana marcada por votação dos Precatórios no Senado e reuniões monetárias de vários bancos centrais importantes, como o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos. Apesar de ter operado em alta durante todo o dia, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) terminou o pregão em queda 0,35%, com 107.383 pontos.
No Brasil, o mercado segue atento ao andamento das votações no Congresso Nacional. A expectativa é de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios seja pautada nesta semana, enquanto a Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022 deve ser deliberada na próxima.
Para o economista do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), William Baghdassarian, a dificuldade do governo em conseguir aprovar projetos no Congresso faz com que investidores reajam com incerteza na Bolsa de Valores. “No curto prazo, existem dúvidas se o governo vai ser capaz de aprovar as reformas econômicas que precisam ser feitas para segurar as despesas. Então se o governo não consegue manter seu apoio político, não dá para reverter esse quadro econômico”, explica.
Segundo Baghdassarian, as reformas são importantes para uma melhor gestão da política fiscal que vem trazendo desequilíbrio na economia brasileira. “Temos uma política fiscal expansionista, estamos vendo um descontrole das contas públicas”, afirma o especialista.
Se sancionada este ano, a PEC dos Precatórios pode garantir ao governo calcular o teto de gastos para 2022 com quase toda a inflação apurada de 2021. “As regras fiscais que tínhamos já foram para o espaço e o teto está sob pressão, então esse desequilíbrio pressiona o dólar”, pontua o economista.
Sócio proprietário da SM Managed Futures, João Luiz Mascolo, avalia que o cenário político local contribui para a alta do dólar. “As notícias de Brasília atrapalham toda semana, briga com Supremo, orçamento secreto… Esse barulho político joga contra o real. Os investidores não se sentem seguros em investir na moeda de um país com essa instabilidade”, alerta Mascolo.
FED
Além disso, também existe a expectativa de que o Fed anuncie a aceleração do ritmo de redução das compras mensais de títulos ao fim da reunião agendada para a próxima quarta-feira (15/12). A ação deverá ser uma resposta aos sinais negativos do mercado de trabalho norte-americano, com inflação elevada, persistindo mais do que as autoridades do banco central americano esperavam.
Com a inflação americana chegando a 6,9% no acumulado em 12 meses até novembro, também se espera que o banco central americano eleve a taxa de juros. “Esse movimento de redução acelerada de compra, seguido do aumento da taxa, fortalece o dólar no mundo", diz Mascolo, que ainda complementa: “Acredito que a subida da taxa vai ser agressiva, porque a taxa básica deles está em 0% e a inflação em 6,8%”.
Outros bancos centrais devem se reunir para discutir política monetária esta semana , como o da zona do euro, Japão, Reino Unido, México e Rússia.
Juros
Nos últimos 12 meses, a inflação do real já acumulou 10,74%. Como resposta, o Banco Central do Brasil iniciou uma agressiva elevação da taxa de juros. Depois de aumento de 1,5 ponto percentual no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), em 8 de dezembro, os juros básicos estão em 9,25%.
Em teoria, a elevação da taxa de juros é positiva para o real, aumentando a atratividade da moeda brasileira para investidores, aponta Mascolo. No entanto, o economista explica que o fato dela já estar em um nível muito alto atrapalha, devido a esse aumento constante levar a perda do efeito de mudança no hábito de consumo dos brasileiros. “O problema é que a alta da Selic já está no preço dos produtos e todo mundo já sabe. Já está na cabeça de todo mundo, fez o seu efeito. Então, a taxa local já está no preço, e a americana com previsão de subir, piora ainda mais para o real”, destaca.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori