Embora a alta dos combustíveis tenha elevado a prévia da inflação no país, encarecendo ainda mais o custo de vida dos brasileiros, inclusive no setor de transportes, um levantamento publicado em 16 de novembro pela Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), com agências associadas em várias localidades do Brasil, aponta que a demanda por viagens deu um salto no último trimestre do ano. Para as saídas de Natal e réveillon, a expectativa é de alta na procura acima de 60% para destinos como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Florianópolis.
O Correio comparou o preço de passagens de ônibus e de avião para os cinco destinos com maior procura, citados pelo levantamento da Abav. Todas as viagens partem de Brasília, com ida no dia 20 de dezembro e volta em 3 de janeiro de 2022. (Veja quadro)
Ainda segundo a Abav, 87,2% das agências que participaram do levantamento indicaram que perderam faturamento acima de 60% em decorrência da pandemia, mas 80,8% acreditam na retomada do faturamento em índices próximos ao período pré-pandemia em dois anos.
Além disso, 76,9% das agências perceberam aumento de novos clientes solicitando ajuda na organização das viagens, e 61,5% esperam contratar colaboradores no intervalo entre seis meses e um ano. Otimistas com o avanço na recuperação, mais de 60% das agências já projetam aumento entre 50% e 60% no faturamento nos próximos 12 meses.
Questionados sobre os principais impedimentos para a retomada definitiva das atividades, as agências citaram: a incerteza sobre o final da pandemia; malha aérea ainda reduzida, o que limita a flexibilidade nas reacomodações; fronteiras internacionais ainda fechadas; a falta de padrão nas regras de admissão de turistas nos destinos internacionais e alta das moedas estrangeiras.
Partindo de Brasília para Belo Horizonte, Jeferson Barbosa, 30, retorna para a capital mineira para trabalhar. Para o operário, viajar de ônibus só traz vantagens. O medo de avião e a economia nos custos da passagem aérea fazem com que ele não tenha dúvidas na sua escolha. "Passagem de avião está cara demais, né? Ir de ônibus fica muito mais barato. Além disso, não sou chegado em avião, prefiro ir pelo chão, que é mais seguro."
As 15 horas seguidas de viagem pela frente não incomodam Jeferson: "Desde que a passagem caiba no meu bolso, não tem problema nenhum, viajo com um sorriso no rosto."
Moradora da Asa Norte, Andreza Dias, 24, é consultora de gestão e estava em Rondônia a trabalho. Ela conta que viaja frequentemente de avião. E apesar da empresa custear as passagens, percebe aumento no valor dos voos. "Por exemplo, somando ida/volta em três passagens das últimas viagens, foram R$3.300", informou.
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Impactos econômicos
Puxado pela alta da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 1,17% em novembro. Em outubro, o índice registrou taxa de 1,20%. Os dados foram divulgados no dia 25 de novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que afirmou ser a maior variação para o mês de novembro desde 2002. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 9,57% e de 10,73% nos últimos 12 meses.
Ainda segundo o levantamento do IBGE, após altas expressivas nos preços das passagens aéreas em setembro (28,76%) e outubro (34,35%), novembro registrou baixa de -6,34%. Por fim, a economia brasileira atravessa uma recessão técnica. Isso porque o Produto Interno Bruto (PIB) teve recuo de 0,1% no terceiro trimestre de 2021, após queda de 0,4% no segundo trimestre.
Nesse sentido, José Passos da Silva Neto, especialista em cartões de crédito e milhas aéreas e criador do Papo de Holder, afirma que a inflação pode atingir o setor de turismo, visto que o momento é de demanda reprimida após a flexibilização de medidas sanitárias em diversos lugares do mundo. "Muita gente está voltando a viajar agora. O que antes, com as fronteiras fechadas, não podia acontecer. Isso gerou demanda reprimida, onde o preço dos produtos sobe obedecendo à lei da oferta e da procura", explica.
Passos ainda menciona a alta dos combustíveis. Isso, segundo ele, encarece o custo nos transportes. Conforme o IBGE, o produto teve alta de 6,61% em novembro, o que representa o maior índice para o mês (0,40 ponto percentual). No ano, o combustível acumula variação de 44,83% e, em 12 meses, de 48%. "Então a opção para quem deseja viajar no fim de ano é fazer uma boa pesquisa de preços", orientou. Ele aconselha o uso de aplicativos promocionais e sites de pesquisa de viagens.
Natal
Segundo o Terminal Rodoviário Interestadual de Brasília, entre os dias 21 e 28 de dezembro, mais de 57.600 mil pessoas devem passar pelo local, tendo as cidades de Goiânia, Santa Maria da Vitória, São Paulo, Unaí, Anápolis, Irecê, Rio de Janeiro e Belo Horizonte como destinos mais procurados. Durante o período serão disponibilizados 302 carros extras.
Ano-novo
No caso do ano-novo, entre os dias 28 de dezembro e 4 de janeiro, mais de 53.500 mil pessoas devem embarcar e desembarcar pelo terminal, tendo as cidades de Goiânia, Santa Maria da Vitória, São Paulo, Unaí, Anápolis, Irecê, Rio de Janeiro e Belo Horizonte como destinos mais procurados.Durante o período, serão disponibilizados 210 carros extras.
Quanto custa
Comparativo passagens de ida e volta ônibus x avião principais destinos
- Recife: avião: R$ 1.507
ônibus: R$ 1.214,70
aplicativos de ônibus: nenhuma passagem encontrada
- São Paulo: avião: R$ 789
ônibus: R$ 588,43
aplicativos de ônibus: R$ 241,78
- Rio: avião: R$ 943
ônibus: R$ 611,24
aplicativos de ônibus: R$ 299,80
- Salvador: avião: R$ 1.840
ônibus: R$ 1.061,93
aplicativos de
ônibus: R$ 726,51
Florianópolis: avião: R$ 1.216
ônibus: R$ 1.185,88
aplicativos de
ônibus: R$ 732,68
*Estagiários sob supervisão de Michel Medeiros