Custo de Vida

Inflação do aluguel é de 17,78%

Alta do IGP-M, neste ano, foi menor do que a de 2020, mas indicador teve aceleração em dezembro

Rosana Hessel
postado em 30/12/2021 00:01
 (crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)
(crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), indicador normalmente usado para reajustar contratos de aluguel, registrou alta de 0,87% em dezembro, acelerando em relação ao avanço de apenas 0,02% de novembro, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). No acumulado do ano, o indicador subiu 17,78%, mostrando desaceleração na comparação anual. Em dezembro de 2020, o IGP-M havia aumentado 0,97% e acumulado elevação de 23,14% em 12 meses, a maior variação desde 2002.

Os altos percentuais de variação do IGP-M, desde o ano passado, têm pesado no bolso dos inquilinos. O indicador tem ficado bem acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, que acumula avanço de 10,74% no período de 12 meses encerrados em novembro. A recomendação de especialistas é de que os locatários procurem negociar aumentos menores com os proprietários dos imóveis e peçam descontos. Para os locadores, essa também pode ser a melhor solução, pois evita o risco de ficarem com os imóveis vagos, o que é sinônimo de prejuízo.

A principal contribuição ao IGP-M de dezembro veio do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu 0,95% no mês, após queda de 0,29% em novembro.

"A inflação ainda está bem alta e muito puxada pelo IPA. O ano de 2021 foi difícil por conta do aumento de preços de várias matérias-primas, principalmente, agropecuárias, devido à crise hídrica e à quebra das safras de milho, café e cana-de-açúcar. Tivemos também elevação dos preços do petróleo. Gasolina e diesel subiram muito e comprometeram a atividade industrial", explicou o coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, André Braz.

Ele destacou, ainda, o custo da energia elétrica que também foi afetado pelo baixo volume de chuvas. "A energia mais cara e os fortes reajustes de insumos fizeram o IGP-M registrar inflação de dois dígitos", acrescentou.

Gasolina

Outro componente do IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,84% em dezembro, após registrar alta de 0,93% em novembro. Essa desaceleração fez o indicador acumular variação de 9,32% no ano. Seis das oito classes de despesa registraram desaceleração. A principal contribuição foi do grupo transportes (de 2,93% para 1,26% entre novembro e dezembro). O destaque foi a gasolina, cuja alta passou de 7,14% em novembro para 2,24% em dezembro.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que também compõe o cálculo do IGP-M, variou 0,30% em dezembro, ante 0,71% em novembro.

Pelas estimativas de André Braz, como o IGP-M teve altas expressivas no início deste ano, haverá uma desaceleração no indicador nos próximos meses. "O IGP-M poderá seguir em desaceleração pelo menos até maio de 2022, porque o primeiro trimestre deste ano teve altas muito fortes, de 2,5% em média. Por isso, a tendência é de uma inflação mais baixa, porque as commodities não estão subindo tanto e o real, embora desvalorizado, tem mantido uma cotação mais estável", afirmou.

O economista acredita que, em 2022, o IGP-M fique mais próximo do IPCA. "O IGP-M poderá registrar taxas mais baixas e próximas às do IPCA ao longo de 2022, e os dois indicadores podem encerrar o ano bem próximos", afirmou. Contudo, ele reconheceu que a persistência inflacionária deverá ser maior, agora, para o consumidor. "Ele está pagando mais caro pela energia e pelos alimentos, e a inflação mais forte do IPA em 2021 pode se materializar em novos reajustes de preços de produtos e de serviços", acrescentou.

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