O ano de 2022 será desafiador para o Brasil, com inflação alta, crescimento baixo, política monetária contracionista, deficit fiscal, desemprego renitente e pobreza escancarada. O cenário tende a ser ainda mais conturbado por causa das eleições presidenciais, cujas disputas costumam provocar forte volatilidade nos mercados e retração dos investimentos produtivos.
Segundo especialistas, será preciso muito sangue-frio para conter o nervosismo. Não por acaso, os agentes econômicos pedem responsabilidade ao governo para que o que já está ruim não fique ainda pior. Há o temor de que, por decisões equivocadas do poder público e por falta de ações do Congresso, não só a economia mergulhe de vez no atoleiro, como o desemprego volte a crescer e a inflação se mantenha em níveis inaceitáveis. Pior: com mais brasileiros mergulhando na pobreza.
Não será uma caminhada fácil. "O principal desafio para 2022 é o Brasil conseguir fazer a travessia em direção à agenda de crescimento sem contar com a âncora fiscal e num contexto de inflação e juros elevados e aumento da desigualdade social", diz a economista-chefe do Credit Suisse, Solange Srour. Para Tony Volpon, estrategista-chefe do Wealth High Governance (WHG), o maior desafio na economia será do Banco Central: o de acertar a dosagem de aperto monetário para não causar uma recessão. Ontem, o BC elevou os juros de 7,75% para 9,25% ao ano, o patamar mais alto desde 2017.
Na avaliação do secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, muito está sendo feito para a retomada do crescimento. Ele cita como exemplo o novo marco de garantias. Segundo ele, esse mecanismo abre uma série de possibilidades para a expansão do crédito a empresas em geral e, em particular, a microempresas. "Com o canal do credito revigorado, a aprovação de novos marcos legais, as concessões e as privatizações, a força do investimento privado e a retomada do mercado de trabalho, acreditamos que teremos um ano com boas perspectivas econômicas", diz.
Debatedores
Para debater os rumos do país e mostrar caminhos que possam evitar um quadro dramático vislumbrado por muitos, o Correio promoverá, nesta quinta-feira, 9 de dezembro, entre 14h30 e 18h30, o seminário Desafios 2022: Para onde vai o Brasil. O evento reunirá representantes do Legislativo, do Executivo, economistas de renome, representantes do setor produtivo e especialistas em questões ambientais. Não há atalhos para se evitar o pior. O momento exige bom senso e escolhas corretas. O Brasil já errou demais nos últimos anos.
No primeiro painel, sobre a agenda do Legislativo para o crescimento econômico, participam a senadora Simone Tebet (MDB-MS); o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM); e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ). A seguir, no segundo painel, o debate será conduzido pelos economistas Zeina Latif, Solange Sour, Tony Volpon e Adolfo Sachsida.
A última parte das discussões contará com Adriana Ramos, assessora de Política e Direito do Instituto Socioambiental; Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC); Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e da Indústria de Base (Abid); e de Mário Sérgio Carraro, gerente-executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O seminário poderá ser acompanhado, em tempo real, pelo site do Correio (correiobraziliense.com.br) e por meio das redes sociais do jornal.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.