O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, queixou-se do aumento dos custos de produção da indústria de leite e derivados e criticou a postura do ministro da Economia, Paulo Guedes, diante dos problemas do setor. "Não adianta termos um Ministério da Agricultura bom, comandado por uma ministra boa como é a Tereza Cristina — que nos ouve — mas ter um Ministério da Economia que trava tudo. Inclusive, fica o recado para o ministro Paulo Guedes", desabafou.
Borges foi o entrevistado de ontem do programa CB.Agro, uma parceria do Correio com a TV Brasília. Com uma produção de 36 bilhões de litros no ano passado, o Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo. O setor gera 20 milhões de empregos diretos e indiretos. De acordo com o presidente da Abraleite, seria possível fazer mais, se não fosse a postura do ministro da Economia, que "trava em todos os aspectos". Um exemplo apontado pelo entrevistado foi a exportação do primeiro lote de leite para a China, que foi tarifada em 10%. "Agora, a Nova Zelândia já anunciou que vai zerar a tributação. Essa situação inviabiliza a continuidade desse trabalho pelas indústrias, porque o país deixa de ser competitivo", explicou.
"Em todos os pleitos que colocamos para o governo federal, temos a boa vontade e o apoio da ministra Tereza Cristina, porém esbarramos no Ministério da Economia", lamentou Borges.
O presidente da Abraleite afirmou que o aumento do custo de produção no setor preocupa. "Pode haver risco de desabastecimento se o produtor continuar sem obter resultado financeiro na atividade", disse.
Questionado sobre a imagem do agronegócio brasileiro perante a comunidade internacional, Borges acredita que o Brasil vem "caminhando muito bem" no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Programas como o Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, que incentivam o produtor a recuperar áreas degradadas e propiciam melhoria no solo e aumento de produtividade são um exemplo, apontou Geraldo Borges."Não se deve confundir a imagem do produtor rural com a de pessoas que fazem contravenções", disse.
Além disso, algo que incomoda o presidente da Abraleite é o fato de produtos que visam substituir o consumo de leite e derivados em regimes de alimentação vegana utilizarem a palavra "leite" ou "queijo" em seus rótulos, prejudicando o setor: "esses produtos deveriam ser vendidos como sucos para não confundir o consumidor", argumentou Geraldo Borges.
*Estagiária sob a supervisão
de Odail Figueiredo