Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges acredita que o setor poderia contribuir mais para a economia nacional se houvesse maior sensibilidade do ministério comandado por Paulo Guedes. “Não adianta termos um Ministério da Agricultura bom, comandado por uma ministra boa como é a Tereza Cristina — que nos ouve — mas ter um Ministério da Economia que trava tudo. Inclusive, fica aqui o recado para o ministro Paulo Guedes”, criticou o dirigente.
Geraldo Borges foi o entrevistado desta sexta-feira (26) do CB.Agro. No programa, parceria do Correio com a TV Brasília, ele comentou o desafio de administrar os custos de produção para a indústria do leite e derivados em condições difíceis, com inflação crescente, combustíveis em alta e câmbio desfavorável.
O Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo. O setor mantém cerca de 20 milhões de empregos diretos e indiretos. No ano passado, os produtores nacionais entregaram ao mercado quase 36 bilhões de litros do alimento proveniente dos mamíferos.
Tarifa de exportação
Borges acredita que o país poderia se destacar ainda mais se não houvesse entraves no Ministério da Economia. “Ele trava em todos os aspectos", comentou o presidente da Abraleite. E citou, como exemplo, a recente retomada da exportação de leite para a China, graças ao esforço de uma cooperativa de produtores da Região Sul. "A exportação desse primeiro lote para a China foi tarifada em 10%. Agora, a Nova Zelândia já anunciou que vai zerar a tributação. Essa situação inviabiliza que as indústrias brasileiras possam continuar nesse trabalho, porque o país deixa de ser competitivo”, lamentou.
Segundo Geraldo Borges, o Brasil tem avançado na preservação do meio ambiente, apesar das críticas internacionais ao país. Ele mencionou inciativas como o Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, programa que incentiva o produtor a recuperar áreas degradadas para pastagem e propicia melhoria no solo, com aumento de produtividade.
Na avaliação de Borges, as sanções aplicadas ao agronegócio brasileiro resultam do interesse de outros países em impedir que o Brasil se consolide como celeiro do mundo.
* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza