O Distrito Federal está com a segunda gasolina mais cara do país. Na semana passada, o preço médio do combustível comum no DF chegou a R$ 7,214 o litro, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os dados levam em consideração os preços em 47 postos pesquisados, entre 7 a 13 de novembro. A capital federal só perde para o Rio de Janeiro, que teve, no mesmo período, média de R$ 7,237.
O preço mínimo encontrado nos postos do DF foi de R$ 6,749, e o máximo de R$ 7,499. A gasolina aditivada custava em média R$ 7,305 e chegou a ser encontrada a R$ 7,599 — valor superior ao meio termo nacional no período. A média nacional da gasolina comum, entre 7 e 13 de novembro, foi de R$ 6,753, e o da aditivada, de R$ 6,905.
Para quem tem automóvel flex e pode optar por abastecer com álcool, a situação não está muito melhor. Quando o assunto é o preço do etanol, o DF também está no alto das unidades da Federação com preço mais caro: média de R$ 6,22/litro. O Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro aparecem no ranking como primeiro e segundo colocados, respectivamente: média de R$ 6,943 e R$ 6,246 cada.
Ginástica orçamentária
Os altos preços e as perspectivas de novos reajustes pela Petrobras têm levado os moradores de Brasília a rever seu orçamento e até considerar alternativas de transporte. É o que conta o dentista Irlam da Costa, de 29 anos.
"Tem que tirar o orçamento de outras coisas para poder pagar a gasolina, senão deixa o carro na garagem. Não tem como economizar, porque vai num posto e está um preço; procura outro, e o preço está maior ainda", afirmou Costa.
Para quem usa o carro para se sustentar, a situação é mais grave. Edilson Pereira de Souza, 54, trabalha com transporte particular e percorre longas distâncias todos os dias.
"Está caro, mas, infelizmente, tem que usar gasolina. Uso o carro todo dia, trabalho com ele. Todos os dias eu rodo cerca de 600km", afirmou.
Em 2021, a Petrobras fez 15 reajustes no preço da gasolina nas refinarias — quatro foram reduções — e outros 12 no etanol — três reduções. A alta acumulada este ano é de 74% para o derivado de petróleo e de 61,7%, para o etanol. O último reajuste da estatal foi em 25 de outubro, quando o litro da gasolina teve alta de 7,04% nas refinarias e o diesel, 9,15%. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que, para a próxima semana, há a possibilidade de haver nova mexida no preço, mas a Petrobras não confirma.
Para Paulo Tavares, presidente do Sindicombustíveis-DF, a falta do produto em postos pelo país tem contribuído para a disparada nos preços. Conforme salientou, o setor está em adequação dos estoques para conseguir suprir a demanda, algo que deve demorar 60 dias. Sobre a possibilidade de um novo reajuste pela Petrobras em breve, ele alertou que os preços continuam abaixo do que deveria ser.
"Existe defasagem. Eu creio que a empresa vem segurando os preços por questões políticas, interferência do governo federal. Isso está provocando a falta de produto, pois o combustível refinado está mais barato aqui do que lá fora (do país). As distribuidoras não estão importando para não ficarem com o ônus do aumento", salientou.