O mercado de criptomoedas superou nesta segunda-feira (8) pela primeira vez a quantia de US$ 3 trilhões, em um contexto de interesse cada vez maior de investidores tradicionais, seduzidos por altas vertiginosas, mas preocupados com a inflação.
O mercado das criptomoedas representava às 10h GMT (7h de Brasília) desta segunda-feira US$ 3,7 trilhões, segundo a página CoinGecko, que monitora o mercado de mais 10.000 criptomoedas.
Como acontece com frequência no setor, os analisas encontram dificuldades para explicar o grande aumento desta segunda-feira.
"O mercado das criptomoedas aumenta com uma velocidade assombrosa", declarou à AFP Ipek Ozkardeskaya, analista de mercados para a SwissQuote. Para ela, existe "uma parte de especulação e uma parte de realidade".
Desde o fim de outubro, os mercados americanos têm acesso a um fundo indexado (ETF, na sigla em inglês) à evolução do bitcoin, que permite aos investidores apostar na alta da primeira criptomoeda sem sair de Wall Street.
Ao contrário do euro, ou do dólar, o número de bitcoins foi fixado em 21 milhões, emitidos pouco a pouco, uma regra impossível de mudar sem controlar a integridade da rede descentralizada.
Alguns investidores acreditam, portanto, que as criptomoedas são uma forma de proteção contra a inflação, que aumenta tanto na Europa quanto na América do Norte.
"É uma estratégia muito arriscada, dada a volatilidade da criptomoeda e vendo como seu valor pode sofrer a pressão dos reguladores, ou inclusive de comentários nas redes sociais", alerta Susannah Streeter, analista de mercado da Hargreaves Lansdown.
O bitcoin (+5%, a US$ 66.035 às 10h10 GMT) se aproximava do valor máximo histórico, enquanto o ethereum, a segunda maior criptomoeda em tamanho de mercado, subia 2%, a US$ 4.727.
Tanto o bitcoin como o ethereum representam mais de 40%, e pouco menos de 20%, do mercado, respectivamente. A volatilidade das pequenas criptomoedas é maior.
O Shiba Inu, um criptoativo criado para rivalizar com o Dogecoin, alcançou no fim de outubro um tamanho teórico de US$ 40 bilhões, tornando-se a décima maior criptomoeda. Poucos dias depois, perdeu US$ 10 bilhões.
"É pouco provável que os campeões de hoje sejam os sobreviventes de amanhã", destaca Ozkardeskaya, que teme "uma bolha do mesmo tipo que a da Internet" nos anos 2000.