Com o fim do leilão do 5G, ontem, o país fica a um passo da tecnologia de quinta geração de internet móvel, que promete ser 100 vezes mais rápida que a atual 4G. Além disso, segundo o edital do certame, as empresas vencedoras se comprometem a levar internet a todos os municípios do país, às escolas públicas e às rodovias. Atrás apenas do leilão do pré-sal, a licitação, que teve início na quinta-feira, foi o segundo maior da história do país, com R$ 46,7 bilhões movimentados, segundo informações do Ministério das Comunicações. Desse total, R$ 7,4 bilhões são referentes às outorgas, ou seja, aos direitos das empresas de explorarem as faixas de frequência.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o ágio médio do leilão (valor que ultrapassa o lance mínimo) foi de 218%. Ainda assim, o valor total foi inferior aos R$ 49,7 bilhões previstos inicialmente pela agência, porque nem todos os lotes foram arrematados, de acordo com o superintendente da Anatel, Abraão Balbino e Silva. "Tivemos alguns lotes não arrematados. Se a gente pegar o total dos lotes de radiofrequência em valor econômico, mais de 85% foi comercializado", explicou Balbino. Isso, porém, não deve prejudicar a qualidade do serviço. "Não vai haver nenhum prejuízo, todas as obrigações foram contratadas", completou.
O ministro das Comunicações, Fabio Faria, disse que o leilão "foi um sucesso" e superou as expectativas. Segundo o ministro, este foi o maior leilão da América Latina e o segundo maior do Brasil, ficando atrás apenas do pré-sal. "O leilão do 3G foi de R$ 7 bilhões; o 4G, de R$ 12 bilhões; Telebrás, R$ 22 bilhões. Todos, somados, não chegam ao leilão do 5G", comemorou. Faria destacou, ainda, os investimentos que as companhias vencedoras deverão realizar e a entrada de novas operadoras no sistema.
Das 15 empresas credenciadas, 11 adquiriram lotes das quatro faixas de frequências para a tecnologia 5G no país (700 MHz, 3,5 GHz, 2,3 GHz e 26 GHz), com direitos de exploração que podem chegar a até 20 anos. Telefônica (dona da marca Vivo), TIM e Claro dominaram o leilão. O trio levou os lotes nacionais de 3,5 GHz, de maior interesse no leilão, uma vez que essa frequência é exclusiva para o 5G e a mais usada no mundo.
Das outras oito empresas que adquiriram lotes, duas já eram autorizadas à prestação de serviços móveis no país (Algar Telecom e Sercomtel), e as outras seis são novas no rol de operadoras nacionais: Cloud2U, Consórcio 5G Sul (Copel Telecom e Unifique), Brisanet, Neko (Surf Telecom), Fly Link e Winity (empresa do Fundo Pátria), essa última com direito a operar em todo o território nacional.
O início da implementação do 5G no Brasil está previsto para 2022, pelo menos nas capitais. De acordo com a Anatel, no futuro, 391 sedes municipais e 7.430 localidades poderão ser atendidas com 4G ou tecnologia superior. Além disso, 1.185 trechos de rodovias, totalizando 31 mil quilômetros, terão acesso à rede 4G. Haverá ainda um investimento de R$ 3,2 bilhões para levar internet às escolas públicas.
Erich Rodrigues, CEO da Interjato e Conselheiro Consultivo da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), explicou que as obrigações das empresas, previstas no edital, aumentarão a demanda por infraestrutura e serviços. "Uma série de contrapartidas, como a implantação de cobertura nas estradas, fará com que os provedores possivelmente ofereçam serviços e infraestrutura em função da grande demanda que será gerada", afirmou.
O conselheiro relator do edital do 5G, Carlos Baigorri, afirmou que, daqui para a frente, o foco é a execução e o cumprimento das metas firmadas entre governo e empresas. "Agora é executar o 5G e fazer com que as metas sejam cumpridas", disse. (Colaborou Cristiane Noberto)