O aumento no preço da conta de luz deverá resultar em queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano. E, para 2022, a perda é estimada em R$ 14,2 bilhões. As informações constam no estudo "Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica", divulgado, ontem, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A entidade prevê redução de R$ 7 bilhões no consumo das famílias por conta da carestia no custo da energia neste ano. Nas exportações, as perdas são equivalentes a R$ 2,9 bilhões. O estudo também estima que haverá perda de 166 mil empregos, o que significa queda de 19% em relação aos postos ocupados entre abril e junho de 2021.
Em 2022, conforme dados da CNI, outros 290 mil postos de trabalho serão fechados, na comparação a abril e junho de 2021. O consumo das famílias deverá encolher R$ 12,1 bilhões devido ao aumento de 0,41% dos preços. Em relação às exportações, haverá perda de R$ 5,2 bilhões.
O estudo aponta ainda que o PIB Industrial (das indústrias extrativa e de transformação, de serviços industriais de utilidade pública e da construção) deve encolher R$ 2,2 bilhões, devido ao aumento no custo da energia elétrica no ano que vem. Neste ano, a previsão é de queda de R$ 1,2 bilhão.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembrou que a crise é provocada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que limita a geração de energia mais barata obrigando, assim, o uso das termelétricas, que são mais caras. Além disso, ele destacou que a elevada tarifa da energia é outro fator que pesa, porque contém cerca de 16 encargos, impostos e taxas setoriais incorporados à fatura de luz. Conforme dados da entidade, isso representa 47% da tarifa de energia elétrica.
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reproduzidos pela CNI, os tributos representam a maior fatia da composição tarifária de energia elétrica para o mercado cativo (residências e pequenas empresas): 30,7%. Logo atrás está o custo de energia (27,9%) e o custo de distribuição (21,2%).
Crise hídrica
Os reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste representam cerca de 70% da capacidade de armazenamento do Brasil e, entre setembro de 2020 e abril de 2021, as bacias alcançaram apenas 34,69% da capacidade. O índice é apontado como o de pior afluência hídrica dos últimos 91 anos.
Em decorrência dessa escassez hídrica, o país assiste a sucessivos reajustes nas bandeiras tarifárias. Atualmente, por conta da criação de uma nova bandeira de escassez hídrica, o valor extra na conta passou para R$ 14,20 por 100 kWh usados. Assim, o aumento percentual do preço da bandeira tarifária acumula alta de 127,5% neste ano.
Guilherme Marques, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) explicou que a matriz hidrelétrica, apesar de apontada como uma das mais econômicas, não é a única. "Existem outras. Estudos recentes mostram que a energia eólica, por exemplo, está ficando mais barata. A energia produzida a partir da biomassa também", disse.