O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação oficial, avançou 1,17% em novembro, conforme dados divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de registrar desaceleração em relação à alta de 1,20% do mês anterior, a taxa ficou acima da mediana das estimativas do mercado e foi a maior variação para os meses de novembro desde 2002.
No acumulado do ano, o índice subiu 9,57% e, em 12 meses, teve elevação de 10,73%, acelerando sobre os 10,34% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Entre as 11 capitais pesquisadas pelo IBGE para o levantamento do IPCA-15, sete cidades estão com inflação acima de 10%: Goiânia, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Porto Alegre, sendo que a capital gaúcha lidera com a maior variação, de 12,33%. Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Belém conseguiram ter altas inferiores a 10%, mas os indicadores estão bem próximos desse patamar.
A variação acumulada foi a mais elevada desde fevereiro de 2016, quando o IPCA subiu 10,84%, no pior momento da carestia do governo Dilma Rousseff (PT). Ou seja, a inflação da gestão Jair Bolsonaro (sem partido) já se encontra no mesmo patamar do governo petista antes do impeachment. E, de acordo com analistas, o custo de vida continuará elevado, porque a inflação está muito disseminada na economia. Além disso, as altas no setor de serviços ficaram abaixo do esperado e podem pressionar os preços se houver maior demanda, que ainda é fraca devido à queda na renda e à insegurança dos consumidores.
"Um dos pontos mais preocupantes do IPCA-15 foi o aumento da dispersão da inflação, que passou de 63,76% para 75,20% (entre outubro e novembro). São patamares muito altos, e isso significa que a maioria dos produtos pesquisados está registrando aumento de preços. E, com uma taxa de dispersão de 75% não vai ser fácil baixar a inflação", alertou Fabio Romão, economista sênior da LCA Consultores. Ele também chamou a atenção para a aceleração da inflação dos núcleos, que passou de 0,82% para 0,93% entre outubro e novembro.
Conforme os dados do IBGE, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados registraram elevação de preços. A maior variação, de 2,89%, e o maior impacto no IPCA-15, de 0,60 ponto percentual, vieram dos Transportes, influenciados pela alta dos preços dos combustíveis. A gasolina teve o maior impacto individual, de 0,40 ponto percentual. No acumulado em 12 meses, encareceu 48%. O gás de cozinha, outro grande vilão da inflação no ano, registrou variação maior, de 51%, no mesmo período.
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Alta dos juros
A persistência inflacionária está levando analistas a preverem um aperto monetário maior do Banco Central na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 7,75% ao ano, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro. As projeções de inflação para 2022 não param de subir. O teto da meta de inflação deste ano, 5,25%, já foi superado, e o limite do ano que vem, de 5%, está em vias de ser ultrapassado.
Em outubro, o Copom sinalizou uma nova alta de 1,5 ponto na Selic em dezembro. Por conta da alta do IPCA-15 ter ficado acima do esperado, a consultoria britânica Capital Economics informou que prevê alta de 1,75 ponto percentual na reunião do próximo mês. Contudo, vários analistas brasileiros já esperam uma alta de, pelo menos, dois pontos percentuais.
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, destacou que, devido à aceleração dos núcleos do IPCA, a inflação desse indicador varia entre 10% e 11% no acumulado em 12 meses. "Isso não fundamenta uma manutenção do ritmo atual da taxa Selic, de 1,5 ponto percentual, porque, pelas nossas estimativas, se o BC elevar a Selic para 12%, até o fim do ciclo, o IPCA ficará 5,94% em dezembro de 2022", disse.
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