O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu de 9,77% para 10,12% em 2021. É a 33ª elevação consecutiva da projeção. A previsão do mercado financeiro é baseada na expectativa das instituições para os principais indicadores econômicos. Os dados, divulgados ontem, são do Boletim Focus, uma pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central (BC).
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em outubro a inflação acelerou 1,25%, a maior para o mês desde 2002, puxada pelo aumento de preços de combustíveis e dos alimentos. Com isso, o IPCA acumula altas de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses.
A previsão para 2021 está acima da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC — definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
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Custos de produção
Segundo o economista José Luiz Pagnussat, do Conselho Regional de Economia (Corecon/DF), o aumento da inflação tem várias causas. Mas, na atual conjuntura, quase todas estão relacionadas aos custos de produção, com destaque para o aumento dos combustíveis e da tarifa de energia — que impactam nos preços de todos os produtos, além pesarem na composição do IPCA.
"Ainda nos custos, um segundo fator está relacionado aos impactos da covid-19 na produção, com muitos insumos e componentes escassos no mercado, portanto dificultando a normalização da produção de muitos produtos. E, nessa retomada da economia, há custos adicionais relacionados aos cuidados necessários. Além disso, há também alguma pressão de demanda localizada, que leva a aumentos de preços", aponta. Pagnussat lembra, ainda, que a inflação alta obriga o BC a aumentar os juros, que é o principal freio na retomada do crescimento econômico e da geração de empregos.
Em 2002, o pico da inflação passou de 12% e, em 2015, superou 10%. Segundo o conselheiro do Corecon-DF, desde o Plano Real já houve vários momentos de inflação de dois dígitos, que sempre levaram a adoção de políticas contencionistas — como os juros mais altos e o corte dos gastos, cujos efeitos são recessivos.
Já o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), enfatiza que sem uma política fiscal severa, a política monetária fica enfraquecida. Isso traz a necessidade de alta de juros, que impacta no crescimento da atividade econômica.
"Quanto maior os juros, menor o crescimento do ano que vem. É uma situação delicada, que dependeria de um comprometimento maior do governo com suas contas públicas. Isso traria um alívio na taxa de câmbio que, por sua vez, também aliviaria as pressões inflacionárias", explica.
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