Risco fiscal derruba a Bolsa

Correio Braziliense
postado em 19/11/2021 00:01
 (crédito: Nelson Almeida/AFP)
(crédito: Nelson Almeida/AFP)

Refletindo o ambiente externo desfavorável e, sobretudo, o aumento da percepção de risco sobre a situação fiscal no país, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve, ontem, a quarta perda diária consecutiva. O Ibovespa, principal indicador dos negócios, caiu 0,51%, para 102.426 pontos, o menor nível de fechamento desde 6 de novembro de 2020. Na semana, o índice da B3 cai 3,68% e, no mês, 1,04%, enquanto, no ano, a retração chega a 13,94%. O mau humor dos investidores com os ativos domésticos foi sentido também no mercado de câmbio, onde o dólar subiu 0,83%, fechando a R$ 5,57.

Segundo analistas, o impasse na votação da PEC dos Precatórios e as incertezas com a possibilidade de novos gastos — como o reajuste salarial dos servidores públicos defendido pelo presidente Jair Bolsonaro — estão no centro das preocupações do mercado. A apresentação de versão alternativa da PEC por um grupo de senadores que, caso venha a prevalecer, resultará em nova apreciação na Câmara dos Deputados, alongando o processo de tramitação da matéria, causa desconforto entre os investidores. "A reação ruim não é por conta da proposta em si, que manteria o teto de gastos em pé, algo positivo, sem pedalada nos precatórios, mas, sim, em razão do prolongamento do período de incerteza", disse Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

O mercado teme, também, que a apresentação do novo texto atrase a aprovação definitiva da proposta e faça o governo lançar mão de créditos extraordinários para bancar o Auxílio Brasil. A insegurança contaminou também o mercado de juros. No fim da sessão, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 estava na máxima de 12,165% ao ano, ante 12,036% na terça-feira, e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 12,09%, em comparação a 11,996% no dia anterior.

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