O ministro da Economia, Paulo Guedes, omitiu que, ao deixar a direção da offshore mantida por ele nas Ilhas Virgens Britânicas, colocou a filha, Paula Drumond Guedes, no cargo de diretora. As informações são do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que vai entrar com uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF) com base nos novos fatos.
O parlamentar identificou a irregularidade a partir da documentação encaminhada pelo ministro à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Em 2019, quando se tornou ministro, Guedes não apresentou a informação na Declaração Confidencial de Informações (DCI) exigida pelo governo. Segundo a documentação a que o deputado teve acesso, ele foi diretor da offshore de 2014 a 2019.
A filha, Paula Guedes, é diretora da empresa desde 2015. A esposa do ministro da Economia também é sócia da offshore.
“Entendo que a empresa está sob suspeita. É no mínimo muito estranho Guedes ter omitido essas informações. Por isso, é importante que o Ministério Público Federal analise o extrato de desempenho dessa offshore para saber se não foi beneficiada por informações privilegiadas que Guedes obteve por ser ministro”, afirma Elias Vaz.
Guedes violou o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, que proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras que sejam afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas àquelas sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”.
A empresa offshore mantida por Guedes em um paraíso fiscal no Caribe tem patrimônio de, pelo menos, US$ 9,55 milhões (cerca de R$ 51 milhões).
Guedes evita depoimento na Câmara
Em 6 de outubro, deputados federais aprovaram a convocação de Guedes para dar explicações à Câmara sobre as offshores. A reunião conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e de Trabalho da Câmara dos Deputados ficou marcada para a última quarta-feira (10/11). Guedes não foi ao encontro. Segundo a assessoria parlamentar, devido a votação da PEC dos Precatórios.
Após isso, na quinta-feira (11/11), a Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados convocou o ministro, por ofício, para ir pessoalmente à Casa e dar explicações sobre as offshores nesta terça-feira (16/11). O pedido acatado pela presidência da Comissão foi feito por meio de um requerimento do deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ).
Mas, mais uma vez, Guedes faltou ao compromisso. “Venho pedir a compreensão e a gentileza para que sejam acolhidas como suficientes as informações prestadas por intermédio dos documentos apresentados, no dia 9 de novembro de 2021, a essa Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público”, informou o ministro por um ofício enviado à comissão na sexta-feira (12/11).
O deputado Elias Vaz diz que vai insistir para que Guedes cumpra a convocação e dê explicações sobre a offshore. “O que tanto Guedes tem a esconder? Se a offshore é legal e não foi privilegiada, como ele alega, por que o ministro está fugindo? Nós não vamos abrir mão do nosso direito de fiscalização parlamentar. E não é só para nós, deputados, que Guedes tem que se explicar, toda a sociedade merece uma satisfação”, diz o parlamentar.
A audiência com Guedes na Câmara será remarcada para quando o ministro voltar de compromissos em Dubai.
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