No Distrito Federal, o litro da gasolina já é vendido por mais de R$ 7 nos postos de combustível. O novo aumento anunciado pela Petrobras para o produto, de 7,19%, passou a valer ontem apenas nas refinarias, mas alguns revendedores, mesmo tendo estoque com preços mais baixos, chegavam a cobrar R$ 7,149 e R$ 7,199 para pagamento no cartão de débito ou de crédito.
No posto Shell no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no sentido Taguatinga, o litro da gasolina estava sendo vendido ontem a R$ 6,99 no dinheiro ou no débito. Mas, caso o pagamento fosse feito no crédito, o preço subia para R$ 7,199. Contudo, quem circulou pela capital deve ter percebido que a maioria dos postos tentava não ultrapassar a marca dos R$ 7, cobrando R$ 6,99 pelo litro do combustível.
De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), na semana passada, de 17 a 23 de outubro, o preço médio da gasolina comum ao consumidor no Brasil foi de R$ 6,31 o litro. Já no Distrito Federal, a média foi de R$ 6,58 por litro. Ontem, o maior preço encontrado pelo Correio foi de R$ 7,19, uma diferença de R$ 0,61 acima da média da última semana.
O estudante da Universidade de Brasília (UnB) Maylon Rudney de Sousa, 24 anos, teve de mudar a rotina devido ao aumento do preço do combustível “Há uns dois anos, com R$ 50, eu conseguia ir para a faculdade três vezes por semana com o carro. Hoje, não chega a uma vez na semana, dando preferência ao carro somente quando tenho muita necessidade.”
Morador de Vicente Pires, Maylon abasteceu em um posto da Petrobras no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), onde a gasolina custava R$ 6,98 o litro. Ele classificou o valor como “absurdo de caro”, e disse que os preços elevados têm impedido as pessoas de usar os próprios veículos. “A consequência é o transporte público mais cheio, mais tempo para chegar no estágio e bolso cada dia mais vazio”, afirmou.
No caso do motorista de aplicativo Neto Gura, 40, o reajuste no valor impacta também a renda. “Como a gasolina está chegando a R$7 esta semana, não tenho condições de ficar rodando, porque, desse jeito, estou pagando para trabalhar”. Motorista há dois anos, ele explicou que, quando começou na atividade, gastava em torno de 30% dos ganhos para abastecer o carro. “Hoje, esse número chega a 60%”, afirma Gura, que mora em Ceilândia.
A explicação para o aumento constante dos preços envolve vários fatores, mas os principais estão ligados à alta do dólar e ao preço do barril de petróleo no mercado internacional.
No começo do ano, o petróleo tipo “Brent”, usado como referência internacional, custava menos de US$ 65,00. Na última semana, o barril chegou a US$ 85,53. Enquanto isso, o dólar comercial registrou uma alta de 3% na semana, alcançando R$ 5,682
Desde 2016, a Petrobras pratica a política de paridade internacional, que leva o preço a acompanhar as flutuações do mercado internacional. Com isso, a valorização do dólar e as cotações do petróleo passaram a ter mais influência sobre os preços de combustíveis cobrados internamente no Brasil.