Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na manhã deste domingo (24/10) que a Petrobras "é um veneno que pode virar vacina". A declaração ocorreu na saída de uma feira de pássaros no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília e ocorre dias após o governo discutir ideias sobre uma eventual privatização da estatal.
"Cada vez que o petróleo sobe e o combustível sobe, ela tem um resultado melhor. Se nós levarmos a Petrobras para um novo mercado, por exemplo, que é o que está acontecendo com a Eletrobras, vocês não tenham dúvida: problema de crise hídrica, problema de combustível, tudo isso foram monopólios de estatais por 30 ou 40 anos. E nós estamos andando nessa direção, nós estamos fazendo a Eletrobras, Correios. Estou propondo isso: vamos transformar esse veneno numa vacina, igual soro antiofídico", apontou.
Segundo o ministro, a venda significaria uma renda entre R$ 100 bilhões e 150 bilhões para o país, que seriam investidos em programas sociais. "Houve muita roubalheira na Petrobras no passado e, ao mesmo tempo, o preço não para de subir, não tem competição no setor. Só o BNDES tem bilhões em ações na Petrobras. Se nós formos para o novo mercado, criamos entre R$ 100 bilhões e 150 bilhões de riquezas para os brasileiros. Vamos pegar esse dinheiro, vamos ajudar os mais frágeis, vamos acelera os programas de transferência de renda, vamos fazer os programas sociais. Então, nós temos ferramentas. O importante é que a gente prossiga com as reformas", defendeu.
O discurso vem de encontro com os discursos do chefe do Executivo, do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que nas últimas semanas, afirmaram a mesma coisa: o desejo de vender o controle da estatal à iniciativa privada com o objetivo de conter a alta dos preços dos combustíveis.
No entender de Bolsonaro, Lira e Guedes, se a Petrobras for privatizada, tanto a gasolina quanto o diesel e o gás de cozinha ficarão mais baratos. No entanto, como o Blog do Vicente mostrou, nas mãos da iniciativa privada, a petroleira manteria a política de equiparação de preços aos do mercado internacional.
Hoje, o chefe do Executivo voltou a falar sobre o assunto, dizendo não ter poderes de interferir na Petrobras, mas que conversa com Guedes sobre "o que fazer com ela no futuro" e reclamou de "burocracia" no processo. "Privatizar não é botar na prateleira e tudo bem. Não. É complicada a situação. Teríamos privatizado muito mais coisa se não fosse essa burocracia", disse o presidente, completando que "a Petrobras está amarrada por leis, as mais variadas possíveis".