A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a Proposta de Emenda Constitucional dos Precatórios (PEC 23/21) vota, hoje, a versão final da matéria que cria um teto para o pagamento de dívidas judiciais da União em 2022. O texto tem como relator o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e transfere o pagamento de R$ 50 bilhões (do total de R$ 89,1 bilhões) em precatórios para 2023. Motta acolheu sugestão feita em setembro pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Pela proposta, o limite para o pagamento de precatórios foi calculado com base na correção pela inflação desde 2016, quando foi criado o teto de gastos. “Chegamos a um teto (para pagamento de precatórios) de R$ 40 bilhões para 2022. O que a gente traz no texto é a instituição desse teto ao longo do próximo ano, porque vamos conseguir cumprir e respeitar a lei do teto de gastos, mantendo, ano após ano, a garantia de que os precatórios continuarão a ser pagos”, disse Motta, durante a apresentação do relatório, em 8 de agosto.
O relator retirou do texto o trecho que propunha o parcelamento de superdívidas da União (acima de R$ 66 milhões) por até 10 anos. Para o presidente da Comissão de Precatórios da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional), Eduardo Gouvêa, retirar o parcelamento em 10 anos piora bastante a PEC, porque torna a imprevisibilidade ainda maior. “Como não se sabe quanto entra de precatório todo o ano, e isso pode aumentar ou diminuir, não há uma previsão”, afirma.
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Imbróglio
A PEC dos precatórios tem sido colocada como solução para resolver um dos maiores imbróglios do Orçamento de 2022, o custeio do Auxílio Brasil, novo programa social que o governo pretende colocar no lugar do Bolsa Família, criado na gestão petista. O programa tem sido a aposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para tentar ganhar popularidade visando às próximas eleições.
O tributarista Mateus da Cruz, sócio da Dias, Lima e Cruz Advocacia, ressaltou que, apesar de poder viabilizar políticas públicas e liberar o orçamento da União, a postergação do pagamento de dívidas judiciais, a longo prazo, pode ter efeito inverso. “A cada ano, novos precatórios são expedidos e, ao mesmo tempo, a União tem que honrar com as parcelas vencidas e vincendas dos que já foram expedidos anteriormente”, explicou.
Vale destacar que, na última quinta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin negou o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender o pagamento de R$ 16 bilhões aos estados em precatórios referentes ao antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). O ministro recomendou que estados e União cheguem a um acordo por meio da câmara de mediação de conflitos do STF. “Nego provimento ao pedido de atribuição de efeito suspensivo ao presente agravo regimental e determino a remessa dos autos ao Centro de Mediação e Conciliação, do STF, para que envide a solução consensual da controvérsia veiculada nesta demanda”, determinou Fachin.
Vale-gás na pauta do Senado
O Senado promete votar, nesta terça-feira, o projeto de lei que cria um auxílio para ajudar famílias de baixa renda na compra de gás de cozinha. Segundo o projeto, o benefício será concedido a cada dois meses, variando entre 40% e 100% do preço médio de revenda do botijão de 13 quilos de gás liquefeito de petróleo (GLP) no estado em que o beneficiário resida. Terão direito ao auxílio famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico); com renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo nacional; que tenham entre residentes no mesmo domicílio beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC).