Aumento

Carnes de segunda à quinta categoria refletem carestia de cortes mais nobres

Partes que antes tinham menos procura seguiram exemplos dos cortes nobres e estão custando até 60% a mais do que há 1 ano atrás, dizem açougues consultados. Frigoríficos afirmam não ter dados sobre a venda

Consumidores têm reparado que, ao chegar em supermercados, açougues, etc, a alta dos preços das carnes está refletindo nos valores dos cortes de carnes de segunda à quinta categoria, que deveriam ser mais baratas. 'Carne de ossos' como carcaça temperada, pé de galinha, pescoço são algumas das carnes que tiveram uma procura maior e um aumento no preço.

Porém, não há dados em pesquisas nacionais sobre esses cortes. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) disse que não disponibiliza tais dados e a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se restringe a carnes de primeira e de segunda ou ao produto como um todo, no caso do frango e porco.

Consumidores comentam que, com o aumento, a procura por carnes mais baratas subiu muito. “Desde que os preços começaram a ficar elevados, comecei a buscar as opções mais em conta, pois, com tudo mais caro, meu salário começou a não ser o suficiente para pagar as contas e fazer as compras do mês”, disse o morador de Brasília, Lucas da Silva, consultor de vendas .

Lucas ressalta que, a cada mês, a situação piora. “Todos os meses os preços estão aumentando, mas os salários não. Onde vamos chegar? A situação está difícil, mês passado mesmo, eu e minha família, passamos o mês comendo apenas ovo, esse mês acredito que vai acontecer o mesmo”, ressalta o consultor de vendas. 

Para Maria de Fátima Teodoro, 57 anos, dona de casa, que mora em Brasilia, atualmente fazer compras do mês é algo desmotivador. "Percebi uma diferença em todos os itens de alimentação. Todavia, a carne foi o item que mais teve elevação no preço. Comprar carnes de segunda ou cortes de outras partes dos animais estava sendo a solução. Onde iria imaginar que um pescoço de galinha sairia 20 reais o quilo?”, questiona.

A dona de casa afirma que, com esse aumento, é essencial selecionar tudo, para que saia o mais em conta possível. “Hoje em dia, não consigo comprar nada mais, apenas o essencial, o que já fica muito caro para três pessoas, como é meu caso que moro com meus dois filhos", afirma.

A dona de casa ressalta que está desempregada, o que prejudica ainda mais as coisas. "Fiquei desempregada devido a um problema que tive na coluna, meus filhos resolveram então pegar todas as contas de casa e me ajudar para que eu pudesse não me esforçar. Como eu fazia serviços gerais não conseguia me aposentar, apenas meus filhos que têm renda e sustentam a casa. Então realmente compramos apenas o essencial para passar o resto do mês. No momento não vale a pena comprar nada a mais do essencial", ressalta.



Aumento no preço das carnes

A alta acumulada no preço da carne bovina chegou a 36% entre agosto de 2020 e 2021, segundo o IBGE. O frango encareceu até mais nesse período: 40,4%. Os ovos subiram 20%. De acordo com o economista Otto Nogami, professor de economia do Insper, esse aumento da carne se dá por uma conjunção de fatores: seca no pasto e consequente redução do plantel. “O aumento da demanda mundial e aumento da taxa de câmbio que encarece o preço dos insumos importados”.

 

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