Auxílio Brasil

Guedes usa especulação sobre privatizar Petrobras para defender furo no teto

Ministro disse que "foi só o presidente falar que está pensando no que fazer com a Petrobras" que "brotaram" R$ 100 bilhões "do chão". Ele questionou, então, porquê não usar R$ 30 bilhões para bancar o Auxílio Brasil

Israel Medeiros
postado em 25/10/2021 18:54 / atualizado em 25/10/2021 18:56
 (crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)
(crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender o furo no teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil nesta segunda-feira (25/10). Desta vez, no entanto, ele usou a especulação no mercado financeiro sobre a privatização da Petrobras para argumentar que a União tem condições de bancar os mais de R$ 30 bilhões para bancar o substituto do Bolsa Família.

“É evidente que seja com um pedido de extra teto, seja com uma revisão, não podemos desviar a verdade. A verdade é que vai haver um gasto um pouco maior. Estamos falando de R$ 30 e poucos bilhões. Para um país que arrecadou R$ 300 bilhões a mais que no ano passado, R$ 30 bilhões são 10%”, disse ele.

E continuou falando sobre a valorização das ações da Petrobras: “Bastou o presidente dizer: ‘Vamos estudar isso aí, isso é um problema’ e o negócio sobe 6%. Mais duas ou três semanas, se isso acontecesse, são R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões criados, isso não existia. Não adianta dizer que isso está sendo tirado do povo. Essa era uma riqueza que estava destruída. Bastou o presidente falar vamos estudar, o negócio sai subindo e aparecem R$ 100 bilhões. Não dá para dar R$ 30 bilhões para os mais frágeis, num momento terrível como esse, se basta uma frase do presidente para brotar do chão R$ 100 bilhões de repente?”, questionou o ministro.

As especulações sobre uma possível venda da Petrobras surgiram depois de falas de Bolsonaro sobre a alta nos preços de combustíveis. Ele mesmo já afirmou, no entanto, que a política de preços não mudaria com a privatização. Hoje, em uma entrevista a uma rádio de Mato Grosso do Sul, o chefe do Executivo disse que a culpa da alta é do dólar e do preço do barril do petróleo, mas também falou sobre a incidência de ICMS em combustíveis.

Apesar de o governo não ter apresentado nenhum novo programa de transferência de renda antes da pandemia, o ministro Guedes também afirmou hoje que já estava nos planos uma “renda básica de cidadania”, desde a época da campanha eleitoral, e que os planos, antes, eram em de fazer um programa em cima do modelo do Bolsa Família.

“Com a pandemia veio o auxílio emergencial e o presidente, com sua sensibilidade e percepção política, disse: 'Olha, em vez de fazer toda essa sofisticação que vocês estão querendo fazer, que tira do pobre para dar para o paupérrimo, que tira da classe média, vamos fazer diferente? Vamos fazer o protótipo da renda básica. Nenhuma família brasileira vai receber menos do que R$ 400'”, afirmou.

O Auxílio Brasil, no entanto, ainda não tem data para começar. O governo quer colocar o programa em prática o mais rápido possível, já que o auxílio emergencial acaba este mês e o novo programa é a principal aposta para recuperar popularidade com vistas a 2022.

A possibilidade de furo no teto de gastos passou a ser admitida pelo ministro Guedes na última semana e resultou no pedido de demissão de quatro secretários da Economia. O ministro, que foi contra o furo do teto durante toda a gestão Bolsonaro, também teria pedido demissão, mas voltou atrás após ser convencido por Bolsonaro.

 

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