O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou justificar neste domingo (24/10) as medidas do governo que podem estourar o teto de gastos com vistas ao custeio do Auxílio Emergencial de R$ 400 e do "auxílio diesel" a caminhoneiros. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, disse defender a responsabilidade fiscal, mas alegou que o chefe do Executivo precisa tomar 'decisões políticas muito difíceis' e que 'se ele respeita o teto, deixa 17 milhões de famílias passando fome'. A declaração ocorreu na saída de uma feira de pássaros no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília
"Todos sabem que eu defendo o teto. O teto é uma bandeira nossa de austeridade. Nós somos o país que menos caiu, mais rápido voltou e está crescendo mais do que a média do mundo inteiro", afirmou.
"Sou defensor do teto, vou continuar a defender o teto, defendo as privatizações. Agora, o presidente precisa tomar as decisões políticas muito difíceis. Se ele respeita o teto, ele deixa 17 milhões de famílias passando fome. Então ele tem que pedir uma ação social que proteja a população", acrescentou.
Ele reforçou o valor de R$ 400 mensais para as famílias no novo programa Auxílio Brasil e afirmou que precisa de R$ 30 bilhões para compor o valor acrescendo R$ 100.
"Todos sabem que já tínhamos previsto R$ 300 dentro do teto, só que o Senado não avançou com a reforma, não deu a fonte, não conseguiu avançar com o Imposto de Renda, que daria a fonte. Então, a política pressiona o presidente, vamos deixar os brasileiros com fome?".
Guedes rebateu críticas ao presidente de que o programa populista visa a reeleição. "O presidente da República sempre apoiou as reformas. Ele é um político popular, mas ele está deixando a economia ser reformista. Ele não é um populista", disse.
"Ele fica num difícil equilíbrio. A equipe econômica fala assim: "Vamos dar R$ 300". Aí os políticos: "Vamos dar R$ 600". Aí ele vira e fala: "Vamos dar R$ 400? Eu, como economista, tenho que avisar o presidente: "Isso aí temos que pedir uma licença porque vamos atingir o teto. "Ah, podemos reformular o teto". A reformulação é tecnicamente correta para sincronizar as despesa com o teto. Hoje eles estão descasados", continuou.
Guedes destacou que a reforma administrativa é uma importante ferramenta para a economia do país. "Ele (Bolsonaro) podia pegar todo esse discurso da fome e dizer: "Olha, vou fazer orçamento paralelo, vou fazer um orçamento de guerra". Igual foi feito ano passado. Ele não é populista. Ele não está fazendo isso. Ele está pedindo o seguinte: como é que a gente resolve. A economia está dizendo para ele: vamos avançando com as reformas. Se fizermos a administrativa, economizamos R$ 300 bilhões. Então qualquer pessoa vai entender: "Eles realmente empurraram um pouquinho mais aqui o teto, mas em compensação, gastaram R$ 30 bilhões e economizaram R$ 300 bilhões. Então, eles estão fazendo o dever de casa"".
O ministro também afirmou que a Petrobras "é um veneno que pode virar vacina" referindo-se a uma eventual privatização da estatal e ressaltou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não pode fazer militância e que o Senado precisa ajudar o governo na aprovação das reformas. Ele comentou ainda sobre a possibilidade de Pacheco ser alçado como pré-candidato à presidência da República.
"Nós esperamos que o presidente do Senado avance com as reformas. Se ele se lança presidente da República agora, se ele não avançar com as reformas, como é que ele vai defender a própria candidatura dele?", questionou.
Por fim, atacou economistas que criticaram o rompimento do teto de gastos, como Henrique Meirelles, responsável pela criação da medida. "Meirelles é candidato e está à disposição para qualquer governo. Fez o teto e saiu correndo". E ironizou: "Ele trabalha para qualquer partido, a qualquer momento, em qualquer lugar, a qualquer hora. Ele está sempre à disposição".
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