A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou, nesta quarta-feira (20/10), o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de outubro. O documento reúne entre outros indicadores, as estimativas de desempenho de crescimento da economia, tanto para este ano, como para o próximo.
No relatório, o órgão de monitoramento da política fiscal, ligado ao Senado Federal, eleva a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021 de 4,2% para 4,9%. Esse índice é praticamente igual ao apontado pelo mercado no último boletim Focus, de segunda-feira (18). Para 2022, entretanto, a IFI diminuiu a estimativa de base de crescimento da economia, com recuo de 2,3% (previstos no relatório anterior) para 1,7%.
De acordo com o relatório, a elevação na perspectiva do PIB para 2021 considera o resultado do PIB do segundo trimestre, agregado à elevação de preços de commodities e à recuperação do setor de serviços, com o aumento da circulação de pessoas. A queda na estimativa do PIB em 2022, porém, sentirá mais o impacto do “aumento da taxa de juros para patamares contracionistas, dado o objetivo do Banco Central de conter o avanço da inflação e de ancorar as expectativas à meta, o que restringe o desempenho da demanda agregada”, afirma o documento.
Crise energética
Vale dizer que as projeções para o crescimento real do PIB no cenário base do próximo ano também consideram o arrefecimento da crise sanitária, com o avanço do processo de vacinação, e a consequente diminuição das restrições à circulação de pessoas. A análise, exclui, contudo, um eventual quadro de piora da crise energética, por exemplo. “Esse risco está quantificado no cenário pessimista, em que a variação esperada para o PIB se situa em 0,1%”, aponta o RAF.
Esse cenário pessimista mencionado no documento considera, além de uma piora na situação hídrica/energética no país, o aumento dos ruídos sobre riscos fiscais. "Esse cenário não é o mais provável, mas é o segundo mais provável. As chances de termos crescimento mais baixo no ano que vem são muito altas, e isso é turbinado pelo aumento do risco fiscal”, alertou Felipe Salto, diretor executivo da IFI, durante coletiva de imprensa nesta quarta.
Entre os riscos fiscais, destacados por Salto, se encontra o possível descumprimento do teto de gastos, "com a medida dos precatórios e a discussão do auxílio". "A forma como esse auxílio vai ser financiado, isso pode afetar a credibilidade da política fiscal”, afirmou o diretor.
Dívida pública
O relatório da IFI também apresenta estimativas atualizadas para a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), com a projeção da evolução de variáveis fiscais determinantes para o equilíbrio de longo prazo do setor público. Na avaliação da instituição, a dívida deve encerrar 2021 abaixo do nível observado em 2020, período marcado por ações de combate à covid-19 e a seus efeitos econômicos e sociais.
O órgão aponta que os gastos extraordinários realizados este ano deverão representar apenas 1/4 do volume observado no ano passado. “A inflação alta afetou mais fortemente o PIB nominal desde o início do ano corrente. Esses dois fatores têm colaborado para a redução da dívida nos últimos meses”, observa o documento.
Por outro lado, a instituição afirma que houve persistência da inflação, combinada a uma série de fatores que elevam o prêmio de riscos exigido pelo mercado na aquisição de títulos públicos. Esse ponto, somado aos seguidos aumentos na taxa Selic, resulta no crescimento das despesas com juros e na provável retomada da trajetória de alta da dívida/PIB até o final do ano. “Esse cenário menos benigno foi mapeado pela IFI já há vários meses”, diz o relatório.
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