Postos do Distrito Federal já estão repassando aos clientes o aumento do preço da gasolina anunciado na semana passada pela Petrobras. A estatal reajustou o combustível em 7,2% na venda para as distribuidoras, a partir do último sábado, além de ter corrigido o valor do gás de cozinha (GLP) na mesma proporção.
Em um posto de combustível na Candangolândia, o preço cobrado na bomba era, ontem, de R$ 6,84 por litro da gasolina comum. “Até sábado, estava a R$ 6,78”, contou Josias Pereira Carvalho, 53 anos, chefe de pista do estabelecimento. “Por aqui, o movimento continua o mesmo. O pessoal não deixa de andar de carro, apesar de a gasolina não estar barata. Um ou outro cliente reclama do preço”, completou.
A produtora cultural Pricila Pit, 38 anos, abastecia o carro no local. “Todo mês é uma surpresa. Uso o carro todos os dias, pois também sou motorista de aplicativo, e, a cada semana o litro aumenta R$ 0,20. Para nós, isso é um prejuízo”, disse.
Pricila conta que recorre a aplicativos promocionais para aliviar o custo de abastecimento. “Acumulo pontos, o que gera um desconto mensal de R$ 20, em média”, informou. Apesar disso, ela avalia que corre o risco de precisar parar de usar o veículo para trabalho. “Se não, a gente vai pagar para trabalhar”, concluiu.
Morador do Jardim Ingá, Alexandre Santos, 32, também trabalha como motorista de aplicativo. “O preço está desproporcional à nossa realidade, especialmente neste período de pandemia. Não fica claro para os consumidores o porquê dos aumentos”, comentou, enquanto aguardava a fila para calibrar pneus.
“Para mim, até mesmo o uso de alguns aplicativos de postos não faz muita diferença. No entanto, participo de grupos de motoristas no WhatsApp, nos quais trocamos informações sobre em que postos o litro da gasolina está mais barato”, contou.
Na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), um letreiro anuncia R$ 6,82 pelo preço original da gasolina comum. Isso porque muitos postos evidenciam o valor promocional para usuários de aplicativos promocionais.
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Gás
O botijão de gás também está mais caro. Conforme a Petrobras, “o preço médio de venda do GLP, para as distribuidoras, passará de R$ 3,60 para R$ 3,86 por quilo, equivalente a R$ 50,15 por 13kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,26 por kg”.
Carlos Veríssimo, 57 anos, proprietário de uma distribuidora de gás no Areal, Águas Claras, disse que os revendedores também estão pressionados. “Os demais combustíveis também aumentam, e os utilizamos muito para abastecer carros, motos e caminhões de distribuição. Com isso, não conseguimos passar apenas os 7,2% de reajuste aos clientes”, desabafou. Na distribuidora de Carlos, o cartaz mostrava o preço de R$ 95 pelo botijão de 13 quilos, R$ 167 pelo de 20 quilos e R$ 375 o produto de 45 quilos. “Mas esses itens estão sem o reajuste. A partir desta quarta-feira já tem preço novo”, avisou.
Maurício Weiss, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que, desde 2016, no governo Michel Temer, a política de preços da Petrobras tem como base a cotação internacional do petróleo e o valor do dólar. Como o petróleo disparou nos últimos meses, e o dólar também teve forte alta, os preços internos foram às alturas. “Antes, o custo que a estatal cobrava das distribuidoras com base nas próprias despesas de produção. Isso refletia pouco a cotação internacional do petróleo”, disse. Para ele, essa política era mais correta.
Weiss explicou, ainda, que, nos últimos meses, os preços do petróleo e do gás natural foram pressionados pelo aumento do consumo na Europa e na China, após a reabertura econômica.
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