Formação

Educação financeira é fundamental para crianças e jovens, diz economista

Disciplina, com temas como planejamento financeiro, gestão das finanças pessoais e investimentos, agora faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define o mínimo que deve ser ensinado nas escolas públicas brasileiras

Fernanda Strickland
postado em 10/10/2021 06:00
 (crédito: André Violatti/Esp.CB/D.A Press - 10/12/14)
(crédito: André Violatti/Esp.CB/D.A Press - 10/12/14)

Dinheiro é algo que todas as pessoas têm que lidar o tempo inteiro, principalmente na vida adulta. Mas por que não começar a pensar nisso desde a infância? Saber o valor do dinheiro e das coisas, planejar e ter uma organização financeira é fundamental durante toda a vida, mantendo o controle das finanças e sem deixar as contas no vermelho. Porém, no Brasil, essa cultura de educação financeira ainda não é forte. De acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o grau de educação financeira dos brasileiros, de 2015 a 2018, ficou abaixo do desejável.

Porém, parece que isso vai mudar. O Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), está capacitando, por meio de um programa de incentivo à educação financeira, professores do 9º ano do ensino fundamental e da 1ª série do ensino médio de escolas públicas municipais, estaduais e militares de todo o país. Com cursos gratuitos, por meio de uma plataforma on-line, os profissionais terão conhecimento para fazer com que temas como planejamento financeiro, gestão das finanças pessoais e investimentos façam parte do dia a dia de crianças e adolescentes. O objetivo é capacitar 500 mil professores nos próximos três anos.

Segundo o economista autônomo Hugo Passos, um tema que passou a ser recorrente é a educação financeira nas escolas. Afinal, em 2020, ano do início da crise gerada pela pandemia da covid-19, muitas famílias que não estavam preparadas financeiramente perderam os empregos, a renda diminuiu e os preços subiram. “Quando uma criança tem o alfabetismo financeiro, desde quando começa a guardar as primeiras moedas dentro do cofrinho, depois entrando na parte de finanças pessoais, controlar receitas e despesas e separar dinheiro para investimento, serão passos muito importantes na vida dessa criança hoje para o futuro”, afirmou.

Passos diz que a educação financeira ajuda no crescimento econômico, com maior poder de compra, maior contribuição a investimentos. Outros efeitos, segundo ele, são a expansão no sistema financeiro, além de uma população alfabetizada financeiramente, que saberá como conseguir crédito e terá a capacidade de realizar investimentos no mercado financeiro.

Camilla Clemente, head de marketing da ConsigaMais+ por Neon, fintech de crédito consignado privado, comemora a decisão. “Nós, que sempre levantamos as bandeiras da organização financeira e da democratização do acesso ao crédito, estamos felizes de saber que, desde cedo, nossas crianças terão a possibilidade de aprender a lidar com dinheiro, saber a importância de poupar e investir, além de ter mais consciência sobre suas escolhas de compras”, afirmou.

A educação financeira agora está na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas do país, desde a educação infantil até o ensino médio. Segundo o documento, o tema deve ser abordado de forma transversal, nas diferentes aulas e projetos. “Isso significa avanço para o Brasil. Com as finanças nas escolas, em alguns anos, nossa cultura será diferente da atual. É um grande passo e estamos aqui para apoiar e ajudar nesse processo. É um começo para diminuirmos as desigualdades sociais e termos um futuro melhor”, completou Camilla.

Educação
Segundo Camilla, as crianças têm que tomar consciência desde muito cedo do valor do trabalho, do dinheiro e das dificuldades de sua escassez. “Não digo aqui que devemos atribuir responsabilidades dos adultos para as crianças. Elas precisam, sim, ser crianças, mas terão que lidar com o dinheiro a vida toda. Entender o esforço dos pais no trabalho para garantir o sustento da família, entender que tudo são escolhas, desde as compras no mercado até os passeios, brinquedos e lazer, é de suma importância”, afirmou.

A head de marketing da ConsigaMais+ por Neon acredita que vivemos em um país em que a desigualdade é gritante. “Enquanto crianças morrem de fome, frio e passam por necessidades básicas, outras vivem e ostentam o luxo. A educação financeira faz parte da cidadania. Da opção que você tem de cuidar do próximo e de seu dinheiro. Da opção de respeitar as regras, exercendo seus direitos e deveres”, observou.

 

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