A ex-funcionária do Facebook Frances Haugen detalhou em um painel no Senado dos EUA, ontem, documentos internos reunidos por ela que mostram uma série de impactos negativos gerados por produtos da empresa — revelações que os senadores disseram ter criado um impulso para regulamentações mais rígidas sobre a gigante da tecnologia.
Os parlamentares pediram o fortalecimento das leis de privacidade e concorrência, proteções on-line especiais para crianças, mais transparência nos algoritmos de mídia social e endurecimento da responsabilidade das plataformas.
“O Facebook sabe que os seus produtos podem ser tóxicos e viciantes para as crianças”, disse o senador Richard Blumenthal (Connecticut), presidente do Subcomitê de Proteção ao Consumidor do Senado que conduziu a audiência.
Ele convocou o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, a comparecer perante o Congresso para testemunhar, classificando a empresa como “moralmente falida”.
Além dos documentos que mostram que o aplicativo Instagram, pertencente ao Facebook, causa depressão e ansiedade em garotas adolescentes, Frances Haugen divulgou outros arquivos da empresa, incluindo regras de moderação que favorecem as elites, algoritmos que promovem discórdia e informações de como os cartéis de drogas e traficantes de pessoas usam os serviços da rede social abertamente.
Frances Haugen trabalhou até abril como gerente de produto contratada para ajudar na proteção contra a interferência eleitoral no Facebook.
“Continuamos a fazer melhorias significativas para combater a disseminação de informações incorretas e conteúdo prejudicial”, disse a empresa em comunicado.
O depoimento motiva republicanos e democratas a atualizarem a lei de 1998 conhecida como Coppa e que rege os sites que coletam dados de crianças.