Nesta segunda-feira (20/9), a segunda maior empresa do imenso mercado chinês, Evergrade, que é um grande conglomerado da construção civil, mostrou a possibilidade de um colapso, pois ela derrubou as bolsas de valores em todo o mundo. Os resultados contábeis da empresa sinalizaram um endividamento acima do ideal de US$ 300 bilhões, além da pandemia em 2020 ter prejudicado o fluxo de caixa de recebíveis. A divida tem quer ser paga até quinta-feira (23/9).
Qualquer abalo financeiro com início no setor imobiliário gera temor no mundo todo de uma nova crise como a de 2008. A última grande hecatombe financeira internacional teve início com o estouro da bolha das hipotecas no mercado financeiro americano, que levou à falência do banco Lehman Brothers e à queda das bolsas e recessão em todo o mundo. Com a crise do Evergrande, a dúvida se o caso se repetiria começou a repercutir.
A economista Catharina Sacerdote, consultora especialista em investimentos acredita que, em partes, há o risco de ocorrer uma crise semelhante à de 2008. "O risco é um pouco menor porque o governo chinês pode interferir de forma mais incisiva do que o governo dos EUA interferiu em 2008 — que não salvou muitos grandes bancos. A forma de dívida dos bancos é bastante diferente também e tem um aspecto moral diferente também. Agora, do ponto de vista comercial, pode gerar muitos desdobramentos difíceis para todo o mundo. A crise é diferente mas o impacto é grande”, explica.
O que foi a crise Lehman Brothers?
Conhecida também como crise do subprime, em referência aos créditos de alto risco vinculados a imóveis, que foram concedidos em larga escala e de forma irracional por décadas, a quebra do banco de investimentos Lehman foi um marco da crise financeira internacional neste século. Essa crise resultou na formação de uma bolha financeira que explodiu no quarto maior banco de investimentos norte-americano, que tinha 158 anos.
O colapso dos mercados mundiais naquele dia e pelas semanas seguintes foi tão grave que obrigou o Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, e o Banco Central Europeu (BCE), a injetarem centenas de bilhões de dólares e euros no sistema financeiro. A crise alastrou-se mundo afora e causou impactos sem precedentes em países como Grécia, Espanha, Irlanda, Islândia e Portugal. Em todo o planeta, mais de 400 milhões de pessoas ficaram desempregadas na pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial, só comparável à quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.
Os sinais dos problemas iniciaram-se em 2007, mas a crise dos subprime teve como início oficial a falência do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, quando a insolvência dos créditos imobiliários não pôde mais ser disfarçada e o FED não ajudou a instituição financeira. Na época, as agências de classificação avaliavam com nota máxima (baixo risco) grande parte dos títulos de contratos de hipoteca dos tomadores subprime, desconsiderando a renda e a estabilidade dos mutuários.