GOVERNO

Facilidade para casa própria de policiais

Programa Habite Seguro terá R$ 100 milhões para financiar a compra do primeiro imóvel por agentes de segurança pública. Profissionais receberão descontos e crédito com taxas de juros mais baixas. Caixa será agente financeiro

Em um aceno aos profissionais de segurança pública, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou, ontem, uma medida provisória que cria o programa Habite Seguro. Ele concederá privilégios a policiais, bombeiros, agentes penitenciários e guardas municipais na compra do primeiro imóvel. Será possível financiar até 100% de imóveis com juros mais baixos e descontos.

Os policiais constituem um dos principais grupos da base de apoio político de Bolsonaro. Por meio do programa, servidores e pensionistas das forças de segurança pública com salário bruto até R$ 7 mil terão subsídios para adquirir o primeiro imóvel — novo ou usado — com valor máximo de R$ 300 mil. A novidade estará disponível em 40 dias nas agências da Caixa Econômica Federal.

Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, os recursos para concessão de crédito — R$ 100 milhões — virão do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). Além disso, ele revelou que será possível, no futuro, contar com emendas parlamentares — o que deverá fortalecer deputados e senadores eleitos com uma agenda a favor dos profissionais dessa área.

Torres disse que, apesar de o programa focar os profissionais que recebem até R$ 7 mil por mês, ele deverá beneficiar mesmo aqueles que têm salário superior. “O Habite Seguro tem como prioridade os agentes da segurança pública e defesa social com renda bruta até R$ 7 mil, já que se trata de um programa de caráter social. Entretanto, todos os profissionais acima dessa faixa de renda também serão atendidos pelo programa, tendo acesso a taxas, juros e benefícios diferenciados”, disse o ministro.

Os subsídios, no entanto, variam de acordo com a renda. Aqueles que recebem até R$ 3 mil por mês poderão contar com até R$ 12 mil de subsídio no financiamento e poderão abater até R$ 1.250 na taxa de contratação. Já aqueles que recebem entre R$ 3 mil e R$ 4 mil poderão ter subsídios de até R$ 10 mil, com a possibilidade de pagar até R$ 2 mil a menos na taxa de contratação.

No caso dos que recebem entre R$ 4 e R$ 5 mil, o subsídio chega a R$ 8 mil com desconto de até R$ 2,1 mil na taxa de contratação. O último grupo, que engloba os que recebem entre R$ 5 e R$ 7 mil, poderá contar com subsídios de até R$ 6 mil e abater até R$ 2,1 mil na taxa de contratação.

Bancos

O agente operador do programa será a Caixa Econômica Federal (CEF). O presidente do banco, Pedro Guimarães, explicou que, apesar de a estatal ser a responsável por operar o Habite Seguro, os financiamentos do programa poderão ser oferecidos por outras instituições bancárias.

“O agente operador é a Caixa Econômica Federal, quem organiza o programa. E o agente financeiro pode ser qualquer banco. Qualquer banco pode realizar essa operação, não é só a Caixa. A Caixa é o agente operador que vai fazer com que esse recurso do Ministério da Justiça chegue até as pessoas, mas todo mundo pode emprestar”, disse.

Inclusão automática na Tarifa Social

Em decisão publicada no Diário Oficial da União, ontem, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que torna automática a inclusão de famílias de baixa renda no programa de Tarifa Social de Energia Elétrica, que concede descontos na conta de luz. A intenção é que o Executivo compartilhe as informações de quem está inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Antes da decisão de hoje, interessados em obter o benefício deveriam solicitar a inscrição por telefone ou dirigir-se à distribuidora de energia.

Criada em 2010, a Tarifa Social beneficia famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 550), ou renda familiar de até três salários mínimos (R$ 3.300), que tenham em casa pessoa portadora de doença em que o tratamento exija o uso continuado de equipamentos que funcionam com energia elétrica. Além disso, recebedores do Benefício da Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência, e famílias de baixa renda que residem em moradia de aluguel ou imóvel cedido também podem ter acesso ao benefício.

Os descontos são concedidos aos consumidores que não ultrapassarem o uso de 220 quilowatts-hora (kWh) por mês em suas residências. Quanto menor o uso de energia, maior o desconto, variando de 10% a 65%.

A Neoenergia Brasília, terceira maior distribuidora de energia elétrica do Centro-Oeste, estima que, aproximadamente, 47 mil famílias do DF que não haviam se cadastrado poderão ser contempladas. Em nota, a empresa informou que, atualmente, cerca de 26,5 mil pessoas são beneficiadas pela Tarifa Social e que, para essas famílias, o valor da bandeira vermelha patamar 2 é de R$ 9,492 a cada 100 kWh. A medida assinada hoje é originada do Projeto de Lei nº 1.106/20, do deputado André Ferreira (PSC-PE).

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo