Para o diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, quando o assunto é aumento dos combustíveis, o reajuste do diesel é o que mais pesa no bolso do consumidor brasileiro atualmente. "Ele participa em 90% do diesel que é vendido na bomba, enquanto o biodiesel participa agora com 10%". Segundo ele, todo mundo sabe o preço do biodiesel para novembro e dezembro, "mas quem sabe dizer o preço do diesel?” Tokarski foi o entrevistado desta sexta-feira (10/9) do CB.Agro, programa realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília.
Segundo Tokarski, a decisão do governo federal de diminuir a participação do biodiesel na bomba de 13% para 10% é exagerada e desproporcional quando se consideram os benefícios. “São milhares de pessoas que perdem o emprego quando se deixa de produzir biodiesel. São milhares de pessoas que morrem por ano em função da poluição veicular e bilhões de reais que são gastos com saúde pública. Essa contabilidade social, econômica e ambiental não foi traduzida na redução dessa mistura”, argumenta.
O biodiesel é um combustível produzido a partir da soja, sem liberação de enxofre e menos materiais particulados que o diesel comum, reduzindo significativamente o impacto no meio ambiente e na sociedade. O Brasil possui tecnologia nacional e matéria-prima necessária para incrementar ainda mais a participação desse biocombustível no setor, mas, segundo o Tokarski, a cultura do petróleo do país não leva em consideração se a matriz energética é mais limpa, mas, sim, seu preço.
“A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) fez uma contabilidade para a região metropolitana de São Paulo e o aumento da mistura do biodiesel lá reduz, por ano, 300 mortes, e alonga a vida das pessoas em oito dias. Isso é significativo para a saúde pública e para nós, que pagamos os tributos”, explica o diretor da Ubrabio.
Efeito na carne
O superintendente ressaltou ainda que a previsibilidade é fundamental para que a indústria nacional continue a gerar esses impactos positivos. De acordo com ele, se o produtor de biodiesel não tivesse sofrido variações repentinas nas misturas, a carne também estaria mais barata. “Se soubéssemos que teríamos que produzir mais biodiesel, teríamos produzido também mais farelos e, consequentemente, a ração e carne dos animais estariam mais baratas”, explica.
Só neste ano a participação do biodiesel na mistura foi alterada cinco vezes.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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