A Petrobras anunciou, nesta terça-feira (28/9), reajuste no preço do diesel para as distribuidoras a partir de quarta-feira. Com ele, o preço médio de venda passará de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, ou seja, aumento de R$ 0,25.
Por nota, a petroleira informou que o ajuste é importante para “garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”. Ainda de acordo com a Petrobras, o aumento vem como resposta à elevação dos preços do petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio.
Com o reajuste, a parcela que corresponde à Petrobras no preço pago pelos consumidores nos postos de gasolina aumentará R$ 0,22 e passará a ser de R$ 2,70 por litro em média.
Nesta terça, o preço do barril de petróleo Brent chegou a ser negociado por US$ 80,00, sua maior cotação desde outubro de 2018.
O presidente do Sindicombustíveis DF, Paulo Tavares explica que, apesar do reajuste valer a partir de amanhã, é difícil prever quando o preço será repassado ao consumidor. “Cada posto terá seu prazo para isso. Existem postos com muito estoque que repassam imediatamente, outros tem estoque menor e esperam para repassar, ao mesmo tempo tem posto que tem estoque e já repassa imediatamente”.
Para Paulo, o reajuste anunciado foi muito grande e, mesmo assim, a Petrobras vai arcar com grande parte do preço repassado pelo mercado (R$ 0,15). Para ele, essa política de valores não é eficiente. "A defasagem de preço da Petrobras para o mercado é de 40 centavos, no entanto ela só repassou um aumento de 25 centavos. A defasagem de preço da gasolina para o mercado internacional já é de 22 centavos, no entanto a Petrobras resolveu não reajustar ainda a gasolina e absorver esse prejuízo com relação à sua política de preços.”
Na segunda-feira, a Petrobras anunciou, em coletiva, que não haverá mudança na política de preços atualmente adotada, mesmo com eventuais pressões políticas.
Reação no Congresso
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) afirmou, nesta terça-feira (28) que vai se reunir com outros parlamentares para debater alternativas para redução do preço dos combustíveis.
Em publicação no perfil oficial no Twitter, Lira escreveu que “o fato é que o Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7 e o gás a R$ 120”. Ele também cobrou ações do diretor, Cláudio Mastella “O diretor da Petrobras Cláudio Mastella diz que estuda com ‘carinho’ um aumento de preços diante desse cenário. Tenho certeza que ele é bem pago para buscar outras soluções que não o simples repasse frequente”.
Inflação
Levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), indica que o preço médio do litro do diesel no país estava em R$ 4,707 na semana passada.
De acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, no acumulado do ano até agosto, o óleo diesel subiu 28,02% no país.
O economista do Ibmec, William Baghdassarian explica que o aumento do preço dos combustíveis impacta na inflação de diversas maneiras. Ele destaca que o custo do transporte de alimentos influencia o preço total dos produtos. "Temos que lembrar que o preço dos produtos agrícolas são impactados pelo preço dos combustíveis, o custo do transporte conta no preço total do produto. Então a gasolina permeia e influencia toda uma cadeia de produção”.
Para William, a abertura do mercado de combustíveis poderia aliviar a alta dos combustíveis no Brasil. “Uma abertura maior da economia para outras empresas do ramo, para mais empresas poderem comercializar combustíveis facilitaria. Apesar da Petrobras não ser a maior culpada disso, a competição na oferta dos combustíveis poderia ajudar o consumidor a pagar menos”, explica.
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