A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que o comércio varejista terá, neste ano, o maior número de contratações temporárias para o Natal desde 2013. Apesar da inflação e dos juros altos, a expectativa é que sejam admitidos 94,2 mil trabalhadores, em todo o país, para atender ao aumento estimado de 3,8% nas vendas natalinas. A entidade acredita ainda que, após o período festivo, 12,2% dos temporários sejam efetivados, o maior índice dos últimos cinco anos.
Os segmentos responsáveis, segundo a confederação, por 80% das vagas serão o de vestuário (57,91 mil) e o de hiper e supermercados (18,99 mil). Isso porque o faturamento nas duas áreas, nos dois últimos meses do ano, praticamente dobra. No Distrito Federal, segundo a CNC, a previsão é de criação de aproximadamente 1.800 vagas temporárias, distribuídas entre os setores de hipermercados (735), vestuário e calçados (351) e utilidades domésticas (267), entre outros segmentos.
“Na realidade, a demanda por emprego no comércio é muito sazonal. Mesmo em anos muito ruins, foram criados postos de trabalhos nesse período. Sempre que se compara o resto do ano com novembro e dezembro há um aumento nas vendas, e, neste ano, não vai ser diferente”, resume o economista sênior da CNC, Fabio Bentes.
Enquanto o faturamento do varejo cresce, em média, 34% na passagem de novembro para dezembro, no segmento de vestuário, a alta costuma ser de 90%. Já o ramo alimentício é o maior empregador do comércio ao longo do ano e o que mais fatura. “Tradicionalmente, o varejo precisa contratar caixas e vendedores. Mais de dois terços dos trabalhadores admitidos tendem a ser para essas ocupações. No ano passado, a taxa ficou em torno de 25%. Este ano, espera-se que seja perto de 60%”, detalha Bentes.
Apesar dos ramos de vestuário e de alimentos concentrarem a maior quantidade de vagas, os maiores salários serão pagos pelos setores especializados na venda de produtos de informática e comunicação, além dos segmentos de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos. O salário médio deverá alcançar R$ 1.608, ou seja, 5,1% maior em comparação com o mesmo período no ano passado. Porém, esses setores devem representar somente 0,8% das vagas a serem criadas.
O maior número de contratações temporárias deve ocorrer no estado de São Paulo (25,55 mil). Na sequência, vêm Minas Gerais (10,67 mil), Rio de Janeiro (7,63 mil) e Paraná (7,19 mil). As projeções da CNC para o aumento de vendas nesses estados, em relação ao Natal passado, são de 7,2%, 6%, 5,8% e 6,6%, respectivamente.
A explicação para a retomada do mercado está no aumento da circulação dos consumidores permitido pelo avanço da vacinação contra a covid-19, avalia Bentes. “Apesar da inflação e dos juros altos, o aumento da circulação foi o que ditou o ritmo do comércio. Desde o final da segunda onda da pandemia, o que se tem observado é um crescimento consistente da circulação de consumidores. A vacinação, de certa forma, afasta o cenário de novas medidas restritivas. E se a circulação vai aumentar nos próximos meses, a tendência é contratar mais”, frisa.
Para Bentes, o cenário poderia ser melhor se não fossem a disparada da inflação e dos juros. “O salário médio no comércio vai ter aumento nominal de 4% a 5%, mas, em termos reais, devido à inflação, vai cair em relação ao ano passado. De qualquer forma, será um contraste com o fim de 2020. Para quem está procurando emprego, é uma excelente oportunidade”, afirma.
O presidente do Sistema Fecomércio DF, José Aparecido Freire, afirmou que, de maio para cá, os empresários do setor voltaram a investir. “Com três datas comemorativas — Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia dos Namorados —, percebemos um crescimento de vendas. A próxima grande data será o Dia das Crianças, em que a expectativa é de alta nas vendas de 20,78%. Então, há boas perspectivas para o fim de ano.”
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